De vez em quando me pergunto. Pra onde iremos nesse emaranhado confuso dos anos?
Retroceder não podemos. Voltar atrás quem me dera.
Aos cinco anos quisera eu. Voltar àquela casa. Que daqui se avista apenas um lote vazio. Nem penso nisso.
Ter meus pais de volta quem sabe um dia nos encontraremos. Em outra vida por certo.
Aos meus vinte anos… Mais um desengano com que sonho.
Tudo não passa de mais um devaneio meu.
Agora, que já passei por tudo isso, só me resta ir adiante.
Estou prestes a completar setenta e quatro. Anos bem vividos. Muitos deles inseridos ao meu baú de lembranças. Muitas delas felizes. Já outras nem quero lembrar. Já que foram recheadas de recordações tristes como a perda de meus entes queridos. Ai que saudade dos meus pais.
Pra onde irei? Daqui pra frente?
Só sei que pouco sei. Já que não tenho bola de cristal só me resta viver a atualidade. Vivendo o atualmente. Desfrutando esse presente como um presente caído dos céus.
Pra onde vou? Somente sei onde estou neste momento. Nesse dezessete de outubro. Manhã cinzenta. Dia abafado. Acinzentado. Ventoso. Parece que no decorrer do dia deve chover. Espero que esta ventania não escorrace a chuva pra outro dia. Já que dela precisamos. Sobejamente os homens do campo. Pois essa é época de plantio. Tomara a próxima safra seja tão boa como tem sido minha vida.
Pra onde vamos por vezes me indago.
São tantas indefinições que me apoquentam que nem sei quantas são.
Quem sou eu se nem eu mesmo sei quem eu sou.
Sou apenas um dos seres viventes que vivem se perguntando o porquê de tantos porqueres.
Por que é uma palavra de múltiplas definições.
Tanto pode ser apenas um dos porquês. Já que o português é um idioma tão lindo que poucos sabem usá-lo corretamente.
Por quê deve ser usado no fim das frases. E tem o mesmo sentido de por qual razão.
Já o porque junto tem o mesmo valor de pois. Usado em respostas. O outro porquê quer dizer motivo e deve ser precedido de um artigo ou numeral.
E o porque de tantos porqueres me atazana.
Dai a minha dúvida de para onde vamos.
Mas por que nos preocuparmos tanto. Se nem sei quem sou eu?
Sei que me desdobro entre a medicina e muitas outras coisas. Amo escrever. Adoro caminhar por caminhos incertos. Amo a incertidude que me domina.
Se me perguntarem pra onde vou respondo simplesmente um talvez.
Quem saberia dizer pra onde caminha a humanidade?
Pensando na desumanidade que temos visto. Nestas guerras sem sentido.
Só posso mais uma vez concluir que cada vez mais nada sei.
Pra onde vamos? Adiante. Pra frente. Movidos por uma força superior. Que vem do alto. Lá em cima onde moram nossos pais.