Naquela mesa falta…

Muitos poderiam dizer – falta comida, arroz com feijão, e a sobremesa? Quando vai ser servida?

Ainda me lembro daquela outra mesa naquela casa ao lado dos meus pais.

Era minha querida babá Hortência quem cozinhava. Mas minha querida mãe Rute era quem temperava a salada de adoçava o suco de laranja que ela mesma fazia.

Meu saudoso pai de vez em quando se atrasava pois os compromissos na gerência do banco eram mais prementes que saciar a sua fome.

Eu me assentava a uma cadeira do lado direito de minha mãezinha. O lugar reservado ao meu pai era na cabeceira daquela mesa de vidro que nos dias de agora repousa ao lado da piscina na minha rocinha.

Não me recordo exatamente qual seria o lugar do meu irmão Fred. Já a minha amada Rosinha comia noutra mesa na cozinha. Elazinha se alimentava frugalmente.

Pena que o tempo passa e a gente acaba perdendo pessoas que não deveriam morrer permanecendo encantadas assentadas invisíveis ao nosso lado da mesma mesa.

Já hoje meu local onde sempre almoço, no meu aconchegante apartamento, sempre é o mesmo onde dantes comia. Só que agora tomo minha primeira refeição do lado contrário de minha esposa Rosemirian. Já que moramos só nós dois aqui pertinho. E minha não menos querida Ângela almoça assim que eu e minha Rosa deixamos a mesa.

Faz um tempinho que me aposentei de um postinho de saúde pra onde sempre ia antes das dez da manhã. Confesso ter saudades dos tempos difíceis que naquela unidade de saúde atendia Clínica Médica.

Na volta subia por uma ruinha íngreme até parar na casa da pessoa que  hoje se fez ausente na casa de um querido tio e primo um dos Rodartes que tanto prezo.

Ele era odontólogo. E colecionava incontáveis pacientes que de vez em quando me param nas ruas confundindo-me com ele próprio. Eu mesmo fui várias vezes ao seu consultório no prédio por meu pai construído no mesmo local onde foi a morada do meu avô Rodartino consorciado com minha querida avozinha Belica. E não era preciso marcar consulta pois ele, meu querido primo, cinco anos mais jovem que eu, sempre se mostrava pronto a obturar meus dentes cariados e fazer uma limpeza com jatos de bicarbonato na minha dentição imperfeita.

Era na casa na subida do posto da Chacrinha onde fazia um pit stop para saborear uma pitadinha das iguarias com sabor de amizade que a Grazi elaborava.

E voltava á minha morada no condomínio Jardim das Palmeiras de onde me mudei há anos atrás.

Hoje passei pelo cartório de meu primo Luís Carlos Rodarte. Ali o titular não estava presente.

Quem  mo atendeu cordialmente foi a filha da pessoa que não estava assentada à mesa.

A bela Natália, mãe de uma  lindinha florzinha foi quem indicou a procurar meu querido primo Luís em sua residência.

E pra lá me dirigi sempre usando as pernas como rodas.

Ao chegar à casa do tabelião Luís só encontrei a prestimosa e eficiente Grazi. Ela já estava com o almoço pronto nas trempes fumegantes de seu fogão à gás.

Eu mesmo me convidei para a comida. À espera do dono da morada.

Enfim eis que adentra seu carro na garagem o primo querido, trazendo a enfermeira cuidadora da linda filhinha da Natália e elazinha mesma.  Com seus olhinhos esverdeados e seus lindos cabelos acastanhados.

E que almoço maravilhoso no dia de hoje me fartei. Não irei declinar o menu pois, desde a salada ao prato principal- peixes, nada a declarar.

Mas, ao deixar a mesa, já  que tinha de retornar ao  apartamento, para depois das treze voltar ao consultório. Ao olhar para uma cadeira vazia, voltei minhas lembranças á pessoa que nela deveria estar.

Pedro Rodarte. Meu querido primo. Meu dentista. Mais que amigo. Você parece um dos meus irmãos.

Naquela mesa, da casa do primo Luís. Falta uma pessoa – você…

 

 

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