“Dia de quê? Memo?”

“Pronde nois vai memo”? Isturdia fui aos escafundró de um tar de Juda qui num sei quem é. Comprendes vois cê meu linguado sujismundo mais imundo que a tar pererecazinha da avezinha sem asa? Qui nem avoa? Pursque a lumbriga é disbarrigada si ela manja nada de cumida da quentura da rapadura friorenta.  Ah, mia cumade. Se piorá num miora não”.

Pra que tanta leitura. Pra que estudar anos e anos. Pra que tirar um diploma se graduando no curso de letras a fim de fazer da literatura algo mais palatável que uma simples prosa sem muitos versos adversos ao melhor entendimento.

Pra que escrever textos longos a cada despertar de manhãs? Por que aprender vários idiomas se aqui em nosso país. Tão rico e ao mesmo tempo tão pobre em cultura mal sabem distinguir entre um S ou um Z. Quando diz respeito a laser dizendo respeito àquele jato de luz fininho de efeitos milagreiros na desintegração de cálculos renais. E o lazer com Z referindo-se a descanso numa praia paradisíaca que seja num de nossos rios ou numa praia qualquer brasileira?

Pra que nos aprofundarmos tanto em nossa última flor do Lácio inculta e bela se a maioria de nossa população mal consegue encher a panela de arroz com feijão?

Pra que tentar publicar livros. Um a cada primavera florida. Se a pilha de livros recém editados acaba no ostracismo enclausurados numa estante qualquer? E, uma vez postos a venda, aparece gente com venda nos olhos dizendo não ter o saboroso costume de ler…

Pra que tanto esforço e dedicação  digitando crônicas e textos. Atestado de insanidade louquice. Já que, a cada manhã, bem cedo, ao terminar minhas crônicas envio-as pelo zap a amigos. E recebo quase nenhures reconhecimento. Tanto negativos ou positivos.  Nem ao menos um aceno de dedos ou “adorei”.

E como sinto falta de aplausos, não apupos. Quando alguém, trazendo às mãos algum livro de minha lavra. Me para nas ruas e diz: “como você escreve bem”.

Pra que versarmos em idiomas díspares e o nosso. Pouquíssimo falado tanto na linguagem escrita ou dita. Se quase em todo o planeta dizem ser a língua inglesa a que mais deve ser aprendida nas escolas. E, no entanto dos entre tantos, desencantados alunos, mestres, estudiosos de que for, mal sabem, pseudo sabichões, como é difícil editar livros de bom conteúdo. E cidadãos pseudo letrados pronunciam equivocadamente trocando a por b. Galinha preta cagou nocê. Ao revés de dizer galinha preta esparramou fezes em você.

Durante o passarinhar dos anos datas comemorativas se alinham no calendário.

Estamos nos aproximando do dia das mães. Quatorze de maio. O dos pais cai no segundo domingo de agosto. Dia de São João em vinte e quatro de junho. Dia de Santinha dos Desata Nós em dia pra mim desconhecido. Já que pra mim tanto faz. Pois tenho de desatar nós a cada dia.

Na manhã de hoje. Esse dia ensolarado do mês corrente de maio. Andando pelas ruas como de costume.

Descendo pelo passeio sem muito asseio da rua principal. Tentando me desviar de cacas de cachorros soltos ou presos pelos seus donos.

Deparei-me com um casal ainda jovem. Assentados a um banco da praça principal.

Eles, olhando seus celulares. Não tive curiosidade de saber se por acaso liam alguma crônica de minha autoria no meu site. Ou se não.

Acabei parando um cadiquinho defronte aos dois pombinhos sem asas.

E aos dois perguntei: “sabem que dia é hoje”?

Já sabia que nesta data comemorava-se o dia da língua portuguesa- cinco de maio.

Parece que minha indagação acabou por amolar ambos. Já que estavam entretidos com seus celulares último tipo.

Nesse exato átimo de segundos do rapaz ouvi. Em coro com sua linda ficante: “dia de quê? Memo”?

Deixei-os confabulando com o tal professor Google. Quem sabe ele esclareça que dia é este? Malfadada língua portuguesa. Presa fácil de desentendidos como aqueles dois.

 

 

 

 

 

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