Quem ainda não cometeu um deslize, pequenininho, seja em que tempo de sua vida ter sido, e foi posto de castigo ajoelhado por cima de uma espiga de milho sequinha, e ali permaneceu horas e minutos até que sua mãezinha interferiu nas ordens de seu pai, e a você permitiu sair.
Sob as condições de não repetir o ato falho. E se comportar com lisura e educação. Principalmente na hora em que seus avós, já surdos, quase cegos, a sua casa comparecerem em visita que se transforma em pernoite. E vocezinho ficar caladinho não querendo falar nome feio na orelha de sua pobre avozinha surdinha.
E quem não guardou segredos um dia? Eu mesmo, não me considerem boateiro, já esparramei fakes por aí e por a cá. E todos segredos que prometi guardar a sete bocas. Numa hora de hesitação acabei assoprando nas pás do ventilador que foi ao ar como poeira em alto mar.
Pra quem desconhece a Dona Maria, um amor de pessoinha. Sorridente quase sempre. Até mesmo no velório de sua amada mãezinha de mesmo nome delazinha. Ela contava anedotas de seu amado Seu Mané. Com quem se casou faz um tempão danado. Aliás, eles não eram casados e sim amasiados. Juntaram os trapos como se diz.
Eu sempre, quando vou a minha roça. Como no final de semana feriado aconteceu.
Desta feita montados em minhas éguas lindonas. Prestes a parirem.
Fomos euzinho e o amigo Carlinhos. Filhotão do meio do arrendador de minhas terras de nome Betão. Caboclo raçudo e meio timidozinho. Carlinhos fala pouco e ouve mais.
Montados em duas éguas de boa marcha e um pouco ranzinzas. Principalmente a baia de nome Sandrele. Carlinhos era o pião dela. Já eu, vestido a la gaúcha de bombacha, guaiaca e bota comprida comprada em Gramado. Só me faltava a cuia de chimarrão. E o lenço vermelho atado ao pescoço unido as duas parte por um passador cujo brasão era a bandeira do Rio Grande.
Ao chegar ao sítio Paraiso. Esse é seu nome a mim informado pela mulher do Seu Mané. A sorridente de sorriso estridente Dona Maria. Eu na égua Felicidade. Carlinho não apeou como eu fiz. Sorte dele e azar o meu.
Apeei para comer bananas caturra. Madurinhas meio verdes.
Foi quando me lembrei de um segredo. Não de estado.
Uma das vezes dantes que ali compareci. Não me lembro de quando foi.
Deixei nas mãos do Seu Mané dois comprimidinhos azuis de uma marca não sei se igual ao Viagra. Se tadalafila ou similar.
E ignoro o destino que foi dado aos comprimidos amostra grátis.
Na visita de sábado passado. Quando pernoitei três dias e três noites só.
Em ótima companhia de meus dois cães e meus dois computadores.
Antes de nos despedirmos da amável Dona Maria. Confesso que levei um tombo ao montar na minha égua. Por sorte não transformaram o acidente em vídeo cassetada.
Ela me revelou seu segredo.
“Doutor Paulo. Sabe aquele comprimidinho que o senhor deu ao meu marido? Numa noite destas. Como ele não estava comparecendo. Melhor dizendo. Não estava fazendo amor comigo. Sem querer desejando deixei o comprimido azulzinho ao lado do seu canto da cama.
Dizendo ser aquilo remédio para pressão ele tomou dois de uma só vez. E meu amado Mané não morreu daquela vez eu quase morri de tanto fazer amor”.
Deixei a risonha Dona Maria solitária na sua casa no sítio Paraíso.
Seu Mané não estava. Não sei donde ele estaria.
Não sei se a caça de capim novo. Já que de braquiária ele estava enfarado.
Não contem a dona Maria que revelei seu segredo. Se ela souber ai de mim! Vou ter de tomar uma caixa inteira do tal remedinho azul. Não sei se Seu Mané vai apreciar isso. Nem quero saber…