Amizade rima com preciosidade. Algo parecido a uma jóia que não se deve jogar fora.
Um diamante de elevado quilate.
Se entre aqueles latidores encontrei verdadeiros amigos. Entre humanos por vezes descobri falsidade.
Amigos de verdade, nessa minha vivência de muitos anos, enveredando-me por vários caminhos. Tortuosos, cheios de espinhos entremeados de flores. Encontrei poucos amigos.
Até hoje, uma vez em idade avançada. Conto nos dedos todos da minha mão. Juntando a direita e a outra. Se chegar a cinco rejubilizo-me. Não vou listar nessa lista os apreciadores dos meus escritos. Ai talvez a conta se eleve a mais de cem. Leitores diversos talvez somem a mais de milhares.
Um dia desses estive a procura de mais amigos.
Procurei-os nos lugares mais prováveis. Ao meu lado direito não encontrei nenhures. A minha mão esquerda. Dada a escuridão reinante nessa madrugada fria quando deixei meu leito. Poucos amigos se deixavam ver.
Talvez alguns deles se escondessem na escuridão. Mas eu tinha olhos para os verdadeiros amigos. Dai a minha desilusão.
Procurei amigos entre vizinhos de rua. Mas nenhum deles aceitou a minha amizade.
Procurei amigos ao andar pelas ruas. Mas a pressa me consumia e eu perdi a oportunidade de estreitar-lhes as mãos.
Busquei amigos na minha infância. Mas eles cresceram e eu os perdi de vista.
Fui atrás de amigos que dividissem comigo os meus problemas. Mas eram muitos e eles me disseram não ter tempo nem para solver nem os próprios.
Voltei a procurar amigos com quem repartisse minhas horas de ócio. Mas acabei não encontrando ninguém; pois aqueles procurados se mostraram muito atarefados para me fazer companhia num banco de jardim.
Procurei amigos para compartilhar junto a mim momentos de alegria. Mas do outro lado só encontrei tristeza e desilusão.
Continuei a procura de amigos variados. Em outras plagas distantes pensei encontrá-los. Mas se nem aqui pertinho os encontrei mais longe ainda se mostrou quase impossível.
Voltei a procurar amigos com quem repartir meu fardo por demais pesado aos meus ombros frágeis. Mas os que acabei encontrando me disseram nada tendo a ver com meus problemas.
Procurei amigos de verdade entre conhecidos. Mas eles se mostraram descrentes na minha tentativa de fazer novas amizades.
Quase desistindo de procurar novos amigos. Já que a maioria deles se recusaram a ser meus amigos. Acabei abortando a procura. Já que amizades verdadeiras são difíceis de encontrar. Que tal me contentar com um cadinho apenas de amigos.
Os que tenho me bastam. Com quem posso contar me satisfaço.
Pretendo sim, encontrar leitores que se deliciem com meus escritos. Quem sabe eles se transformem em compradores de meus livros.
Ai sim. Esses amigos apreciadores de minhas crônicas talvez possa chamá-los de amigos das minhas letras. Não somente amigos nas redes sociais.