Entre sonhos e a realidade

Sempre tive, cá comigo, que sonhos sempre foram coloridos.

Já a realidade pra mim veste-se em cores cinzentas. Em preto e branco e sem maiores atrativos.

Esses conceitos continuam os mesmos no passarinhar do tempo.

A gente vive duas vidas.

Uma enfiada em sonhos recheados de puro lirismo. A outra imersa na mais dura e cruel realidade.

Mas como viver na real sem deixar de sonhar? Pra mim só as crianças conseguem.

Quando menino sonhava em ganhar muitos presentes. E com o tempo passando esses presentes foram mudando.

No Natal ganhei uma bicicletinha de rodinhas cor de rosa. Assim que consegui retirar essas rodinhas me desequilibrei e ganhei um galo na testa.

No mais tardar dos anos pensei ter ganhado juízo. Mas o tal durou pouco e se foi quando me retiraram o dente siso.

Meu sono dura pouco. E acordo em meio a realidade.

Já sonhei em ser gente grande. Mas quis o tempo que pouco cresci.

Sonhei um dia sonhos mirabolantes. Mas eles se desfizeram deixando dentro de mim uma lacuna enorme.

Sonho e acordo em sobressalto. A cama me rejeita bem antes das cinco. Pra mim o sono sempre foi leve.

Ao acordar enfrento a realidade. Ela não é a mesma que sonhei. O dia me acorda entre nuvens. Chove e o sol se esconde.

Sonhava em ser um dia alguém como meu pai. Mas ele pra mim era uma pessoa inatingível. Impossível de serem seguidos seus exemplos.

Minha mãe era mais um sonho a ser alcançado. E desde quando a perdermos continuo a pensar nela como um ideal de vida.

A realidade me atormenta. Já que tudo que sonhei acabou se tornando um sonho impossível.

Sonhava sempre em ser alguém na vida. Mas quiseram os anos que tudo aquilo se mostrou um sonho irrealizável.

Sonhei sempre em ser um adulto responsável. Mas que saudade da irresponsabilidade da minha infância perdida.

Vivo imerso na realidade. Sonhos se provaram serem apenas e tão somente sonhos.

Não deixo de sonhar embora saiba que a realidade contradiz os sonhos.

Sonho sempre. Mesmo sabendo que a realidade não me traga bons momentos.

Sonho mesmo acordado. Escrevo a mercê daquilo que minha inspiração dita.

Talvez meus escritos nasçam durante o sono. As madrugadas me inspiram. Durante as noites passo em claro pensando sonhar. Mas os sonhos não vêem.

Sonhos são sonhados conquanto a realidade os contradiga.

Ah! Se eu pudesse projetar quais sonhos gostaria de sonhar. Talvez fossem eles sonhos coloridos de azul ou verdes como a relva que brota no campo. Mas a realidade me mostra cores cinzentas da cor igualzinha desse dia que nasceu inda pouco.

Vivo em duas vidas. Uma imersa em sonhos. A outra na mais pura na realidade.

Se me perguntarem qual prefiro respondo: “reparto ao meio. Não tenho como escapar dessa dura e cruel realidade”.

 

 

 

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