“O marido dela sou eu!”

Em tempos de diversidades. De aceitarmos que nem sempre é o homem que veste farda.

E o sexo oposto nem sempre fica do outro lado. Que o revés usa botina gomeira e não sapato de salto alto.

Temos de comprovar o óbvio. O sexo frágil não é o que era dantes.  Homens e mulheres se equivalem em quase tudo. Dizem ser apenas a maternidade que nos é negada. Mas ao vermos homens e seus iguais. Fêmeas e suas congêneres viverem felizes sob o mesmo teto. Em lares bem estruturados. Dividindo tarefas antes só pertinentes aqueles marmanjos barbudos. Temos de admitir que os tempos estejam mudados.

É só abrirmos os olhos antes incrédulos. Andando pelas ruas de qualquer cidade. Veremos fêmeas bem acompanhadas por outras iguais. Ditos machos de braços dados com similares. Sem nos deixarem de bocas abertas. Já que se discriminarmos atitudes como estas poderemos ser acusados de transgressores das leis. Já que homens e mulheres sempre foram considerados iguais perante a mesma lei que rege a nossa conduta, serem ditos pensantes. Humanos mesmo que tenhamos condutas desumanas.

Como explicar tais mudanças? Os homens de agora são outros. As mulheres se rebelaram? E não aceitam mais serem apenas mulheres?  Revoltaram-se contra a submissão de outras eras?

Seria uma mudança genética? A explicação varia com as circunstâncias. A moda nos tempos hodiernos muda com as estações. No tempo de frio costuma-se usar agasalhos. No calor despe-se de acordo com o ambiente. Nas praias de nudismos os desnudos imperam. Nas grandes cidades veste-se como a moda exige. Mas a liberdade deve sempre imperar. Cada um deve usar o que melhor lhe cabe. Depende do físico em questão. Os sarados (não se entenda de boa saúde), desbarrigados (como é difícil perder a barriga se um dia a gente a encontra), no meu caso me cito. Devem se vestir em negro. Dizem que a cor escura disfarça a obesidade manifesta em alguns quilinhos a mais. No que corroboro com essa assertiva acertada. (quanta divagação e encheção de linguiça).

Voltando ao assunto impertinente que comecei inda agorinha.

Foi ontem à tarde o acontecido. Numa academia. Não de letras. A qual frequento sempre ao cair das tardes. Gente sarada ali se encontra. A procura de bem estar e manter-se em forma não redonda.

Sempre começo meus exercícios na esteira rolante. Do alto aprecio o ambiente. A hora sempre coincide com mais ou menos duas e meia da tarde ainda viva.

São quarenta minutos em velocidade moderada. Já corri muito vida afora. Agora entendo que devagar se vai mais longe. Quatro quilômetros na esteira me são o bastante.

Do meu lado esquerdo subiu numa esteira do lado uma linda garota vestindo preto. Era uma jovem novata que nunca havia visto dantes.

Ela usava um traje indecorosamente pecaminoso. Lindo como ela. Uma viseira branca quase a impedia de olhar adiante. Nos seus ouvidos, como ela, lindinhos. Fones pretos decerto a ela permitiam escutar alguma música da moda. Nos meus sempre ouço a sertaneja falecida num acidente que enlutou nosso pais de norte a sul. A  muito amada Marilia Mendonça. Da qual sou fã de carteira assentada.

Notei, em certo ponto da caminhada, que outra quase igual, a olhava impaciente.

Meus olhos não se desviavam das duas. Mais daquela que andava na esteira do lado.

Nem bem quinze minguados minutos se passaram  a que estava à espera acabou por intimar a outra que saísse daquela coisa que se move e só nos deixa parar quando desejamos.

Mas a linda moça do meu lado continuou caminhar na esteira rolante.

Foram instantes de inquietude que passei.

Ao final de alguns segundos ela. A moça linda que vestia toda de preto terminou por deixar a esteira parar.

Foi quando alguém, incomodado com a atitude nada gentil que a outra interpelou aquela linda mulher, pra mim desconhecida. Com essa frase que cito agora: “quem é você para mandar sair da esteira essa mocinha linda”?

A outra, fincando o par de  no piso duro da academia assim respondeu contrariada: “sou o marido dela”.

Para não entrar na briga me calei.

(o que faz uma fértil imaginação. No caso a minha)

 

 

 

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