Enfim, encontrei a paz

Palavrinha de poucas letras e amplo significado.

Tem por sinonímia concórdia, acordo, relação entre pessoas que não estão em conflito. Tranquilidade entre cidadãos, ausência de problemas, de violência.

Paz destoa da guerra onde não se ouve o ribombar de canções. Onde impera o silêncio e não se ouvem discussões. Lugar onde cantam os pássaros em seus trinados melodiosos. Onde a vaca muge de saudade de seus bezerrinhos quando apartados se vão de mansinho. Famintos ainda sem serem desmamados. Presos depois da ordenha. Com suas boquinhas espumando o sabor doce do leite recém sugado.

Paz pra mim tem inúmeros significados. Sinto-me em paz aqui mesmo. Teclando teclas de meu computador. Dando vazão a inspiração que me cavouca a cada manhã. Entre meus livros me liberto da azáfama do cotidiano. Por vezes cruel e massacrante.

Encontro a paz entre pessoas singelas na minha roça. Quando me dispo de palavras complicadas e passo a me expressar como eles. De vez em quando solto um “trem bão. Pronde nois vai memo”?

Essa paz por vezes não a encontro aqui entre meus concidadãos. Que apressados buscam os seus ganha pãos. Nesse frenesi que não leva a nada. A não ser insônia, sofreguidão, ansiedade, cada um querendo o impossível. Quando o possível fica bem pertinho de nosso coração.

Acabo encontrando a tão almejada paz entre flores do campo. No plantio de árvores que um dia irão oferecer sombra ao meu corpo cansado. Se entre cães encontrei amigos. Na sua fidelidade encontrei a paz que tanto busco.

Deparo-me com a paz em lugares perdidos. Onde só eu me encontro face a face comigo mesmo. E não me escondo. Ao revés, me acho.

Encontro sempre a paz no meu passado. Que sempre me remete a pessoas amadas. Como são meus saudosos pais. E, quando me lembro deles assalta-me um desejo imenso de de novo estreitá-los entre os braços. E dizer o quanto ainda os amo.

Não encontro a paz em discussões infrutíferas. Em querelas intermináveis. Em lugares onde as rusgas são constantes. Cada um pensando apenas e tão somente em si mesmos. Nesses lugares em absoluto não encontro a paz que tanto procuro.

Busco a paz junto às crianças. Embora já tenha deixado a infância pra trás junto delas me transporto há anos passados. Quando brincava naquela rua tantas vezes citada em crônicas anteriores.

Procuro a paz entre velhos senhores. Sinto-me confortável entre eles. Pois embora não escutem eles percebem o murmúrio mouco do silêncio. E não se apressam, pois o tempo que lhes resta já é mais que suficiente para viverem em paz.

A paz que tanto procuro por vezes não a encontro. Mesmo assim a busco sempre.

Se dentro de mim não a encontro, quem sabe em outra vida ela se desvenda a mim.

E vou continuar a minha procura até o dia quando a encontrar. A tão sonhada paz deve estar escondida em algum lugar. Em lugares díspares da complicação. Da sofreguidão, da ansiedade que nos consome no dia após dia.

Um dia acabarei encontrando a paz. Espero que esse dia não tarde muito. Senão irei terminar meus dias antes de encontrar a paz que tanto procuro. Que não seja no túmulo onde se encontram sepultados os restos mortais de meus pais. Ali sim, encontrarei afinal a paz.  E estarei em paz, finalmente.

 

 

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