Tudo começou na juventude.
Ele, ela, quase meninos, se conheceram.
Mal sabiam eles quais seriam seus destinos.
A vida os apartou tempos depois. Cada um pro seu lado. Em cidades díspares.
Quis o mesmo destino que eles se encontrariam tempos depois.
Já emancipados. Ele profissional já bem andado em anos. Ela uma senhora feita. Depois de ver desfeito seu primeiro casamento.
Foi através de um jornal que de novo se descobriram. E passaram a se encontrar furtivamente em lugares cada vez mais idílicos.
Aquela chama reascendeu-se em maior intensidade que da vez primeira. Eles se amavam a cada encontro.
Mais uma vez o destino os colocou em trincheiras opostas. Mas jamais se esqueceram.
Anos mais tarde. Quando se pensava que aquele amor seria esquecido.
O mesmo destino interferiu para que aquela relação fosse rediviva. Foi através de um whats up que todo aquele amor viesse à tona. E aquela relação de mais de trintanos reverberasse como uma enchente caudalosa depois de uma chuvadonha imensa.
Pena que aquele senhor, cônscio de seus afazeres profissionais falasse mais forte. E ele optou pela situação confortável em que se encontrava.
Mas eles dois nunca se esqueceram.
Ela em outra cidade. Ele no interior do seu interior.
Parece ter sido ontem.
Aquele senhor circunspecto recebeu uma mensagem que dizia: “a vida é feita de escolhas. Você fez a sua. Por favor, me esqueça. Seja feliz”.
Ele num ímpeto respondeu: “como se fosse possível me esquecer daqueles momentos lindos que passamos juntos? Daqueles beijos bem dados. Daqueles leitos compartilhados. Como se fosse possível me esquecer do nosso amor redivivo? Depois de mais de trintanos de ausência. De tantas ilusões perdidas? Como seria capaz de olvidar nossas horas passadas juntos? De nossas viagens que nunca me saem do pensamento? Como se eu fosse capaz de me esquecer do quanto ainda a amo. Jamais me esquecerei do seu sorriso que não somente iluminavam a escuridão daquelas noites mal dormidas. Quando a gente se amava a exaustão. Como se eu fosse capaz de me esquecer das nossas mãos entrelaçadas que não se desgrudavam nem nas nossas corridas loucas pelas estradas da vida. Essa mesma vida que nos apartou sem que desejássemos ficar longe um do outro.”
E a resposta dada àquela curta mensagem não parou por aí.
“Se eu pudesse me esquecer de você jamais me perdoaria. Seria o mesmo que me esquecer de quem sou. Do nosso passado passado juntos. Daquelas noites de lua cheia ao som das canções de Roberta Miranda. De nossos encontros tresloucados. Seria como me esquecer de tudo que fui. De mim mesmo talvez. Você me pede que eu a esqueça. Certo que a vida é feita de escolhas. Errei por certo em não escolher você. Se vou ser feliz não sei. Mas sei sim que nunca a esquecerei. Pode o tempo passar. Os anos deixarem marcas em mim. Mas a tatuagem que tenho escrita aqui dentro jamais vai se apagar. Ela tem seu nome- Aurora. Em letras maiúsculas todas elas. Você me pediu que a esqueça. Que a apague dos meus pensamentos. Peça-me tudo. Menos isso. Meu amor por você nunca vai ter fim. Mesmo que os anos passem. E eu passe ao além levarei comigo não apenas o seu sorriso. Bem como nosso passado que sempre vai estar escrito não apenas nessas palavras deixadas nesse texto de agora cedo. Nessa manhã tão linda do mês de março. Meu amor. Te suplico. Não me peça nunca que eu a esqueça. É como me esquecer de quem sou. Do nosso passado sempre revivido.”