Você já foi á Bahia? Então vá, e volte logo.
Já que de Minas vim. E aqui é meu lugar.
Dizem, com muita sapiência, que o melhor dia de uma viagem é quando a gente retorna ao nosso lar. Mesmo que esqueçamos a chave de nossa morada. E a encontramos de portas escancaradas. E algum intruso entrou porta adentro. Mas nada afanou. Apenas e tão somente ali se abrigou. Era um sem teto. Que queria simplesmente encontrar abrigo. Mal vestido. Andrajoso mas não um bandido.
Estou chegando de uma curta viagem de férias. Dessa vez o elegido foi um simpático lugarejo da terra de todos os santos. Lugar onde o sol brilha desde o alvorecer. Onde o calor nos faz quase perder os sentidos. Onde a chuva quando cai é sempre bem vinda. Já que ela pode amenizar o mormaço que sempre acolhe os viajores. Seja nas manhãs ensolaradas ou nas noites estreladas.
Dessa feita a eleita foi uma praia batizada de Gurajuba. Nome estranho para os desconhecidos. Mas bastante procurada por estrangeiros que procuram a Bahia para ir de encontro a outros climas onde o frio não os faça enregelar tanto quanto nos seus países de origem.
Guarajuba é um pequeno município escondido nos rincões da Bahia. De Salvador até lá se vai em apenas e tão somente quarenta e alguns minutos sem pressa naquelas rodovias bem com cheiro de coisa bem feita. Onde o asfalto não se apresenta esburacado como as nossas estradas mal cuidadas. Como aquela esquecida pelas autoridades. Que nos leva de aqui à velha São João Del Rey. Que mais parece ter sido apresentada às crateras da velha lua. Que brilha sem poder ser alcançada nas noites de lua cheia.
Foram sete dias de sol a pino. Naquelas piscinas de águas tépidas como o carinho de uma mãe. Tendo a nos proteger, os branquelas como eu, apenas um chapéu de abas curtas. E nem o protetor solar foi usado no meu caso.
Da comida não posso em queixar. Embora ela fosse farta o sabor em nada se compara a um torresmo feito agorinha mesmo. Crocante e nos fazendo querer mais. Ou a um feijão tropeiro com um ovo estado fritinho por cima. Ou até mesmo a uma boa feijoada acompanhada de jiló com quiabo.
Voltei com saudade das minhas Minas Gerais. Onde as montanhas nos olham com desejo de que não se afaste muito daqui. E não retarde em voltar ao meu aconchego.
Ai que saudade das minhas Minas. Onde as meninas de Belzonte são de causar furor ao mais lindo horizonte.
Ai como a saudade me cavouca fundo dentro do peito. E eu sem jeito não posso voltar pra onde vim. Ao meu rincão perdido nos cafundós de onde quase sempre vivi. A essa Lavras querida que não me viu nascer A terra que escolhi para viver e criar raízes. Fortes o bastante para sobreviver.
Podem dizer que nossa Minas não tem mar. Que mardade dizem de nosso estado. Mas ele tem um mundão de água doce. Águas plácidas e cristalinas como uma pedra preciosa que teimam em retirar de nossas serras. E dizer que Minas falta alguma coisa é pura inverdade que dizem de nós.
Aqui chove na medida certa. Mas quando a chuva cai demais entorna o caldo. Mesmo assim amo a exaustão essa terra querida. Onde não tem mar, mas tem qualidade de vida.
Como senti saudade das minhas Minas Gerais. De ouvir trem bão acompanhado de um sonoro uai. De não poder escutar um canarinho da terra trinar. Um bando de maritacas grasnar saudando a chegada das jabuticabas madurinhas ao final de novembro.
Como me doeu o peito não poder abraçar os amigos que aqui deixei preocupados com minha ausência sentida. E confesso ter sentido a mesma falta deles.
A saudade das minhas Minas atormentou-me o tempo todo. Saudade das minhas comidas feitas no fogão a lenha onde as chamas ainda crepitam.
Saudade de tudo um cadinho. Da brisa fresca que me fez acordar no dia de hoje. Da mesma praça que me olha desejando-me feliz retorno. Da gente boa da minha Lavras. Da academia que me fiz ausente involuntariamente desde dias a fio.
Saudades me fizeram voltar. A mesma Minas de sempre. Ao meu estado de espírito que sentiu a falta desse computador.
Senti saudade das minhas crônicas diuturnas. Do convívio amistoso dos meus concidadãos.
Voltei a Minas com o coração cheio de saudades.
Não vejo a hora de rever velhos amigos. De pisar de novo nosso chão. Pra onde pretendo. Quando a hora chegar. No momento exato. Quando for intimado a me despedir. Dizer, ou deixar escrito, como amo a nossa Minas. De montão.