Elogios sempre são bem vindos.
Desde que sinceros e não forjados pela amizade.
Quando alguém nos diz, esboçando um sorriso nos lábios: “como você escreve bem. Desperto e logo procuro seus textos numa rede social. Leio o que vai escrito. Guardo pra mim aquilo que me fala ao coração. E sempre deixo gravadas palavras de incentivo a você. E finalizo dizendo sempre – não pare de escrever jamais.”
Essas palavras soam aos meus ouvidos como um agradecimento sincero e um combustível que move minha inspiração. Todas as manhãs me dirijo aqui onde estou. Tomo meu cafezinho expresso. Alimento meus peixinhos aquarianos. Ligo meu computador. Passeio pelas redes sociais. E, num átimo lucubro sobre o tema a ser escrito.
De repente não o encontro de imediato. Reviso textos passados. O cotidiano me inebria. Me perco entre fatos pretéritos e presentes. Não vou ao futuro, pois ele é incerto. Olho pela minha janela fronteiriça e procuro me lembrar de tudo que aconteceu naquela mesma rua. Onde passeei pela minha infância perdida. Que, infelizmente, não volta mais.
Elogios e encômios são vocábulos que dizem a mesma coisa. Trata-se de um substantivo masculino cujo significado enseja-julgamento favorável em favor de alguém- louvor. Admiração, afeição, apego, apreço e outros mais.
E como é prazeroso, jamais indecoroso, receber encômios graciosamente. Sobejamente ao despertar da manhã. Principalmente numa manhã linda como amanheceu hoje. Sol já desperto. Luz entrando delicadamente entre as folhas das minhas persianas verdes. Que agora me permitem manter a janela aberta. Admirando nacos do meu passado. Sem me desvencilhar do presente andando lento em direção ao futuro. Pois dizem, e tem meu aceite, que o mesmo futuro a Deus pertence.
Antes de aqui chegar dei uma passadinha pela praça aqui pertinho; para terminar de acordar as pernas, que junto comigo caminham.
Quem não conhece meu saudoso pai eu lhes apresento.
Paulo José de Abreu, que já foi retratado em textos passados, foi timoneiro de uma casa bancária que tem o mesmo nome de nosso país.
Ele, não satisfeito em ser um aposentado, após meritória carreira nesse banco onde deposito as sobras do meu salário, uma vez jubilado graduou-se em advocacia.
Pena que por pouco tempo observei o tic tac de sua velha máquina de escrever. Petições escorreitas dela saiam.
Prematuramente uma pertinaz enfermidade do seu corpo rijo se aboletou.
Aos setenta e cinco anos meu pai foi levado ao leito. De onde não mais se levantou.
“O ócio é o começo do fim”. São palavras dele. As quais guardo pra mim como dogma de vida.
Naquela volta da praça me cruzei com uma pessoa que me reconheceu e fez questão de me apertar a mão.
Trocamos meia dúzia de palavras que soaram aos meus ouvidos como o maior elogio que poderia receber.
“Como você se parece ao seu pai”.
Na hora não consegui conter as lágrimas. Me deu um súbito engasgo por dentro.
Deixei a mão daquela pessoa escapar ao contato com a minha. E minha mão retraída suava. Do meu corpo exalava um frêmito de saudade.
Não poderia receber maior encômio. E essas palavras foram a inspiração desse texto que ora termino.