Quem ainda não se sentiu gratificado, feliz e bem amado, ao ouvir, de uma platéia seleta, depois de uma atuação brilhante, aqueles clacks clacks em ovação, aplausos frenéticos, pessoas de pé, olhos estatelados em você, pedindo bis, que continue o ato, seja num circo modesto, lonas rotas, animais, embora bem cuidados precisando serem renovados, no caso em pauta é você o palhaço, que faz micagens sem ser o mico do espetáculo, todos, pelo menos a maioria pede ensandecida que repita o último ato, antes que a cortina se feche definitivamente, pois todos os artistas estão exaustos e, menos de uma hora depois continua a sessão, mais uma, ida e volta, pois o circo, sem público, sem repetições de funções, não pode pagar as contas que tanto martirizam a mulher gorila falsa, a esposa do dono da casa de lona cheia de furos, cujo sócio mudou de profissão por pensar que a ilusão da atividade circense tem o pé na cova, embora a criança que ainda sobrevive em mim não pense assim.
Como é bom ser elogiado, encomiado, sinônimo de elogio, ao ler depois de escrever uma crônica partida da inspiração do momento, exato quando tudo aconteceu, pois crônica do cotidiano nada mais é do que a reflexão de um instante exatamente fruto de uma semente recém emersa da terra onde o passarinho a jogou, depois de saborear o sumo doce do conteúdo da sementinha de uma frutinha qualquer. Ali depositada na terra fecunda do amor, que seja da paixão entre um homem e uma mulher, embora pense que as variantes do amor sejam imprevisíveis como o tempo em que ocorreu aquela fagulha que foi acesa depois de um simples olhar, um atirar de olhos um em direção ao outro, um apertar de mãos, um abraço, um ósculo, um entrecruzar de corpos numa cama cheia de excitação, onde o sexo é a conclusão belíssima de tudo que desejo dizer, neste parágrafo longo demais, espero que meus leitores compreendam. E a eles aconteça exatamente igual.
Ainda sobre o mesmo tema, apupos e aplausos, mudando um pouco de direção, não é sempre que se consegue agradar a gregos e portugueses, a brasileiros e ingleses, quando o assunto são mudanças feitas pela administração pública, do poder executivo, que deve receber a bênção da câmara dos edis.
Estamos num mesmo barco, fragatas ao vento, velas soerguidas fortemente unidas ao mastro, o navio quase a deriva nos intima ao enjôo, o convés está cheio de passageiros desacostumados ao balouçar da nave perdida em alto mar.
Comparo um barco perdido, balançando em ondas altaneiras, à cidade onde a gente vive, se gosta ou não, lhes imploro que se mudem de lá. Caso resolverem ficar, que permaneçam tranquilos, emitam a sua opinião sobre o destino da comarca, ou abandonem de vez a nau que ameaça naufragar para sempre, indo ao fundo do mar. Mesmo à mercê de uma calmaria que por vezes pode ficar agitada.
Não existe um alcaide, uma figura pública, este ou aquele fulano, cicrano ou beltrano, que entra e sai do cargo sob a bandeira da unanimidade inconteste. Já foi dito e reeditado que toda unanimidade é estulta. Concordo, sem dar corda à imaginação.
Estamos quase no começo de uma nova administração, creio que cheia de fecundas intenções de fazer o melhor, dar o melhor que sua forcas exíguas são capazes de fazer.
Grande parte do funcionalismo público está sem perceber o décimo terceiro referente a dezembro passado. Sem o pago referente ao seu suor no mês que viu o ano terminar, melancolicamente. 2016 mostrou as costas, oxalá seja este, corrente, um ano melhor, não apenas para a cidade de Lavras, bem como a todos os milhares de municípios de pires nas mãos espalhados por todo país.
Medidas em caráter imediatistas são tomadas. Por toda a minha, e a de você, comarca, obras rasas pululam sobre o asfalto negro, de qualidade duvidosa, o mesmo não acontece às intenções do novo alcaide, colega de farda, poderia chamá-lo de amigo, doutor José Cherem?
Ontem mesmo assisti, entre estupefato e pasmo, a uma mudança no trânsito no quarteirão mais nobre da cidade. Por aquela artéria movimentada desço e subo diuturnamente, onde lojas variadas, as mais concorridas, mesmo em tempos de crise, conseguem passar adiante seus produtos, a quem ainda tem no bolso vazio o poder de compra.
Agora tomaram medidas drásticas para tentar ameninar a azáfama do tráfego. Na intenção de permitir melhor fluxo subindo a rua principal, em direção a parte sul da cidade.
Não mais se pode estacionar, uma paradinha veloz como as asas lépidas de um beija-flor que paira no ar sem o menor esforço, penso com meus senões.
Nos dois cantos daquela extensão da avenida, local assaz procurado por consumidores de artigos importantes, seja nos lares endinheirados, seja nos de menos poder aquisitivo.
Bem que sei que existem os prós e os contras. Não existe unanimidade nas opiniões distintas.
Caso perguntarem a minha, não me melindro de dizer: aplaudo a iniciativa do colega chefe do executivo. Como também sei que existirão apupos.
Mas, assim toma direção a vida nossa de cada dia. Entre aplausos e apupos vivem os palhaços de circo. E a gente, palhaços das perdidas ilusões, quem somos nós para bater o martelo, e dar fim ao julgamento, se nem ao menos somos juízes das nossas ações cotidianas, se boas ou não.