Felicidade. Expressão exata do que seja

Felicidade e alegria. Seriam sinonímias?

Pra mim são irmãs ou aparentadas.

As duas expressam o mesmo sentimento. Qual seja uma sensação agradável de contentamento. Um turbilhão de emoções que nos inundam o peito. Ou uma indizível sensação que nos inebria. Enche-nos o coração de euforia. Que quase o faz parar.

Hoje mesmo, em plena madrugada. Ao assistir a partida memorável do torneio aberto de tênis da Austrália. Entre nosso jovem tenista. Tido como um fenômeno em começo de carreira. Nesse esporte que não é nosso predileto. Somos a pátria de pés descalços. Onde as raquetes são relegadas ao olvido do esquecimento. Onde moleques correm atrás da bola em campinhos de várzeas. Em busca de seus sonhos de serem jogadores de futebol famosos. Tirando seus pezinhos descalços da lama onde se encontram. Nesse país onde se idolatram ícones falsos.

Nessa madrugada alternei momentos de alegria e de tristeza. Quando nosso tenista Fonseca vencia sentia instantes de felicidade. Quando ele perdeu a tristeza tomou conta de mim.

Assim me sinto. Nuns momentos me acho de farol baixo. Noutros acende uma luz dentro de mim.

Nem sempre somos felizes. Nalguns momentos a tristeza prepondera.

Sinto-me feliz ao ver minha família sorrir diante das dificuldades. Todos comungando de uma mesa farta. Ao mesmo tempo escorre dentro de mim uma tristeza imensa ao ver tantos pedintes mendigarem sobras das mesas.

Enche-me o peito de alegria ao ver sorrir uma criança. Entristeço-me ao ver crianças sem teto soltas pelas ruas.

Dói-me o coração quando percebo cães vadios cavoucando sacos de lixo. Ao mesmo tempo faz-me corar de vergonha ao ver madames endinheiradas tratando seus pets como se fossem filhos próprios.

A tristeza dentro de mim existe. Gostaria de enxotá-la. Escorraçá-la para bem distante.

Da mesma maneira momentos de felicidade existem. Pena que eles não duram para sempre.

Assim me sinto. A cada dia.

A felicidade mora dentro de mim quando termino um texto.  E quando um livro sai da maternidade? É como se fosse um filho que nasce.

A alegria me consome quando vejo o sol brilhar.  Mas, em seguida a tristeza vem quando as nuvens se acinzentam.

Qual seria e expressão exata da felicidade? Varia de caso a outro.

Pro meu amigo Ciraulo, gente simples, sem vaidades. A felicidade se chama trabalho. Ele vive as turras com a enxada. Carpe mato. Tira carrapato. Enxota capivaras que infestam seu pedaço de chão.

Nunca o vi num balanço preguiço de uma rede. Bem cedo ele levanta. Vai ao curral. Tira leite das vacas sem se esquecer do boi. Pra ele a solidão é como dar a mão sem a outra a bater palma. Da mesma maneira considera o isolamento em que vive como um passarinho que voou, mas tá perdido sem saber a direção.

Ciraulo não é de estranhar quando encontra um desconhecido. Abre suas portas a ele. Não é pessoa de guardar rancor mesmo quando o desagradam.

Ele vive sorrindo mesmo nas adversidades. Nunca morou na cidade. Se o levarem pra lá com certeza não vai se adaptar.

Ele se diz feliz em comum acórdão com sua tristeza.

Um dia a ele perguntei qual seria a expressão maior da felicidade. E quem, ou qual pessoa, seria o exemplo maior.

Ele sorriu de bochecha escondendo a dentição imperfeita.

Na sua morada havia uma infestação de pernilongos que zoavam nos seus ouvidos a noite inteirinha e não o deixavam dormir em paz.

Naquele instante ele me respondeu num piscar dolhos.

“Quer mesmo saber? Não tenho dúvidas. O mais feliz é o pernilongo. Ele não paga aluguel. Mora na sua casa sem pedir favor. Zoa nos seus ouvidos. E, se não bastasse tamanho incômodo o safadinho ainda chupa seu sangue. Sem ser preciso pagar alimentação”.

Satisfiz-me com a resposta. Vou seguir o exemplo dos pernilongos. Pernas longas eu tenho. Zoar nos ouvidos dos outros não tenho o costume. Durante a noite prefiro dormir. Se bem que durmo só um cadinho.

Mas me sinto feliz a minha maneira. Inventando historinhas pra vocês degustarem.

 

 

 

 

 

 

 

Deixe uma resposta