Ou vai ou racha!!!

Sofismando sobre a dissolução do casamento ficam aqui algumas considerações.

Talvez seja a solução pra desfazer desavenças.

Ou até mesmo a solução para a dissolução daquilo que começou na lua de mal e terminou no amargor do fel.

Ou, melhor ainda. Deixar a casa. Por você construída com tanto esforço. Nas mãos inadequadas daquela que nunca o ajudou. Fazer as malas não na intenção de viajar. E sim para se mudar. Levando seus trastes velhos. Como você se sente. Já que dobrou a serra dos tantos entas. Mas se sente capaz de sentir o sabor indelevelmente doce da liberdade. Da qual foi privado desde aquele dia ingrato ao trocar as alianças. E dizer ao pároco essas palavras as quais se arrependeu amaramente de tê-las pronunciado: “prometo ser fiel até que a morte nos separe”.

“Agora ou nunca”!

Essa declaração ouvi do meu compadre Eugênio.

Ele a fez jurando e desconjurando o casamento em que havia se metido há décadas passadas.

Ele e sua dona não se davam.  Por absurda falta de diálogo. Desde o começo daquela relação sempre conflituosa. Enquanto ela dizia que aquilo era pedra ele teimava ser alguma coisa diametralmente distinta.

No começo as discussões não tinham o calor de um vulcão em erupção. Mas, com o tempo tiquetaqueando. As horas deixando os minutos pra trás. O que era apenas e tão somente uma discussãozinha sem maiores consequências passaram a ser brigas rusguentas.

Como meu colega Eugênio era nanico e fracote e sua dona era grandona e fisiculturista, quem levava a pior nessas contendas? Não era eu e sim ele.

Mas, enquanto a situação piorava. Dizer pior era eufemismo. Ambos iam às vias de fato atirando a princípio sapatos um no outro. Mas, como as sapatadas não machucavam tanto começaram a jogar panelas sem tampa já sabedores que não eram as tampas das panelas adequadas um do outro.

Eugênio, naquela confissão feita fora do confessionário. Não mais suportando ouvir desaforos da desaforada Manuela. Encheu-se de coragem, que não tinha. E decidiu pedir as contas.

Era ele quem pagava pontualmente os boletos. A conta de luz atrasada repousava a espera que cortassem a luz daquele ringue de Box. Que nunca se chamou lar.

Por sorte não tiveram filhos. Foi por decisão unilateral de Manuela. Que se descobriu amar outra do mesmo sexo.

Naquele dia malogrado. Já de malas feitas. Prestes a sair de casa. Que era sua. Não dela. Eugênio tentou, pela última vez, uma reconciliação.

Ele ainda nutria um chameguinho por sua Manuela. Que se recusava peremptoriamente a fazer sexo. Com ele. Já que desconhecia o que ela fazia a sua ausência.

Era naquela hora ou nunquinha. Se deixasse pra depois adeus viola.

“Ou vai ou a tábua racha”. Disse-me ele enfezado e decidido.

No entanto, naquele instante. Eis que chega a Manuela da rua. Abraçada a sua amada ela nem dá pela presença de nós dois.

Entra na casa. Que nem era dela.

Lança um olhar de escárnio ao pobre marido despedido. Que ainda pensava na reconciliação.

E diz. Entre dentes que não tinha. A dentadura ainda estava por ser feita.

“Agora a tábua racha”.

E acabou rachando uma tábua dura na cabeça mole do pobre Eugênio.

Desde então ele, feliz da vida, acabou descobrindo a felicidade nos braços de outra mulher.

 

 

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