“Trupicaro na minha janete”

Pra aqueles que não entenderam o português arrevesado, “iguarzinho” ao falado na roça. fica melhor o dito- tropeçaram na minha joanete.

Aliás, da mesma maneira que nem desconhece o que seja joanete é só olhar uma protuberância que nasce no dedo maior do artelho de um dos pés. Pode ser em dois. Pra quem os têm em dose dupla. Segundo os entendidos em ossos e defeitos adquiridos em dedos dos pés, é aquela denominação popularesca do Hálux Valgo. Sendo uma saliência óssea que aparece na articulação da base do dedão  do pé ou do primeiro metatarso e se forma quando o dedão do pé aponta para o segundo dedo do mesmo pé. Forçando a articulação a ficar maior e se projetar para o lado de fora.

Essa deformação pode causar desconforto ao se pisar. E requer tratamento se por ventura realmente incomoda no caminhar. E se perguntarem ao especialista se tem cura ele pode responder- depende da curvatura e dor que a patologia provoca no portador.

A minha querida esposa tem a tal joanete há anos e anos embora ela conviva com a tal e não tenha a mesma convivência não tanto amistosa com uma ex vizinha de residência onde dantes morávamos num bairro de nossa amada cidade aqui pertinho de onde meus olhos alcançam mesmo durante as noites escuras como essa que deu as caras neste final de maio.

Aliás, como deve esfriar neste quase começo de junho. Já que o inverno tem começo ao final deste mês.

Mas, voltando ao título deste meu texto desabafo desta quase madrugada trinta de maio: “Trupicaro na minha janete”. Pra mim diria melhor, em linguagem mais escorreita. Diria eu “pisaram no meu calo”.

Via de quase sempre tenho escrito crônicas inspiradas em palavras como felicidade, alegria, solidariedade, e coisas e loisas afins.

Mas, durante um lançamento de um dos meus livros, um amigo jornalista, convidado por duas vezes a apresentar duas de minhas obras literárias. Efeméride uma delas acontecida no salão de festas do lindo hotel Vitória. Ai que saudades do proprietário o senhor fidalgo Ênio Wilden, desculpem-se seus sucessores se por acaso seu nome exato não seria esse. E a segunda ocorreu nos amplos salões do Clube de Lavras. Ele, de surpresa de minha parte, deu começo a gravação de um áudio dizendo o seguinte: “ doutor Paulo Rodarte, médico urologista nesta noite de gala nos brinda com mais um livro seu. E ele sempre nos mostra, em suas coletâneas de crônicas ou até mesmo romanceando com suas ficções, todos eles de muita qualidade, por vezes tem a sua pena leve como pluma esvoaçando a uma brisa leve. Mas, quando se identifica por algum motivo irado sua pena tem o mesmo peso de uma carreta carregada de minério de ferro gusa. Mas sempre carregado, em suas tantas publicações, delas extravasando não somente uma enorme sensibilidade e costumeiramente inspirado por um cotidiano fecundo como sói ele saber fazer com a mesma maestria de um maestro regente de um coral extremamente afinado”.

Mais me acho um falador de flores meio poeta meio esteta a um boquirroto blasfemando contra tudo de ruim que acontece neste nosso mundo que deveria não ter somente a leveza de um beija flor pairando no ar osculando de flor em flor. Mas infelizmente esse mesmo lugar onde tivemos a graça de nascer por vezes nos mostra a feiura de guerras fratricidas e injustiças a quem desejar vivenciá-las basta abrir os olhos ao entorno que nos rodeia.

Um dia li isso que mostro a todos tal e qual alguém descreveu: “a justiça não é cega. Ela é paga para não ver”.

Creio não ter sido sempre assim comigo.

Ao aqui neste país apear pelo mar ao chegar da linda Espanha. Onde passei mais de um ano me inteirando sobre as novidades sobre a Urologia, a minha amada especialidade.

Precisamente me entregando desde a ponta do bisturi aos conhecimentos da cirurgia de próstata por via uretral, parece que o corpo de enfermagem, por não me conhecer em profundidade, talvez me considerassem um tanto soberbo e em linguagem mais corriqueira dir-se-ia metido a besta.

Eu aqui cheguei com  alguns parcos conhecimentos tem algumas línguas:  entre elas o  inglês, francês, italiano e principalmente o espanhol. Já que a proficiência em alemão só vim a adquirir tempos depois.

Usava um par de tamancos de tacões duros de madeira costume trazido das salas de cirurgias madrilenhas. E pouco conversava com minhas diletas auxiliares tanto na Santa Casa, ou no Vaz Monteiro ou indo até ao Lúcia Pinheiro onde o grande Pedro Juliano Zica era um dos meus ajudantes nas mesas de operações ali efetuadas tendo como anestesista o não menos grande doutor Geraldinho Vilela.

A partir da perda de minha mocidade aquele jovenzinho esculápio foi cadinho a cadinho desfranzindo o semblante já que passou a entender que de nada valia a casmurrice que nos desenfeitava o sorriso. E passei a ser mais afável no trato dir-se-ia mesmo brincalhão e simpático.

Já agora, ainda longe da aposentadoria, agora mais distante dos hospitais, sempre que por ali passo faço questão tanto de ser amável na convivência saudável com meus iguais ou não. E com eles brincar tentando exalar simpatia e bom humor aos meus interlocutores.

Nas academias. Não de letras e sim de atividades físicas, ao correr nas esteiras, sempre de foninho de ouvido plugado ao Spotify. Ao olhar de cima as lindas mulheres que desfilam garbosas e saudáveis aos meus olhos ainda de boas visões. Não tenho como não pilheriar com suas belezas. Até mesmo as não tão belas não escapam aos meus comentários cujas tentativas nada mais são do que tentar angariar simpatia e novas amizades. Já que o ambiente naquele espaço onde se pratica exercício cuja finalidade única é manter a forma. E a saúde em contrapartida de quebra.

De vez em não sempre alguma frequentadora destas salas fitness estranham os meus gracejos e se sentem injuriadas perante eles.

Mas não levem  a mal  meus comentários sem nenhuma intenção de cantada ou falar mal ou bem dos seus lindos ou fora de medida traseiros ou cinturinhas não mais na medida certa de que são feitas os modelos de passarelas.

Se, por acaso, uma vez na saída das salas fitness. Passarem na secretaria se queixando de minhas palavras amistosas e nunca cercadas de más intenções. Estejam certas que não só mudar-me-ei de conduta como. Se pisarem no meu calo. Que em absoluto não dói. Nem irei ter de operar minha joanete que nunca tive e espero jamais  tê-la.

 

 

 

 

 

 

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