Diário de uma prostituta

Antes elas eram de suma importância quando um pai gostaria de mostrar ao seu jovem filho, como se faziam bebês, não no caso quando levavam seu garoto que só tinha olhos para as lindas e apetitosas mulheres que estampavam não apenas as capas de revistas dirigidas ao sexo masculino assim como outras que se desnudavam nas páginas centrais. As quais não tenho certeza se elas tinham outra fonte de renda como garotas de programas ou acompanhantes de luxo frequentadoras assíduas de hotéis estrelados acompanhadas de endinheirados miliardários.

Mas, esta considerada a mais longeva das profissões, as moçoilas sem pensarem em casamento, dantes perdiam o selo da castidade com algum priminho com os quais brincavam de médicos e se punham desnudas e atreviam-se a abrir as lindas perninhas em bancos reclinados de carros e daí começaram seu périplo em casos fortuitos complementando a mesada fazendo programas às escondidas das famílias deixando-se montar em motéis de luxo ou noutros lugares ainda mais promíscuos.

Uma destas, já não mais garota, de nome talvez não o seu, ela se dava o nome de Emília, não dizia o sobre, já que mesmo o primeiro nome era falso, numa noite quando os padrastos estavam ausentes em meio a negócios escuso na venda de drogas ilícitas.

Eis que lhe bate a porta um senhor que se dizia amigo de seu padrasto.

E, num instante de distração daquela mocinha, o senhor primeiro livrou-se de suas vestes e obrigou a mocinha a fazer o mesmo prometendo-lhe uma nota de duzentos reais.

Embora aquela não fosse a primeira vez que Emilinha havia sido penetrada em sua cavidade de muitos nomes e apelidos,  como doeu profundamente aquela penetração forçada e não consentida.

Já aos dezessete aninhos deixou os estudos e começou a se deitar com fulano e cicrano. Até com desconhecidos que a ela prometiam uma dinheirama pra ela gigante.

Já aos mais de trinta Emília passou a ocupar um quarto de hotel sem nenhuma estrela, uma verdadeira pocilga onde faltava de tudo inclusive luz e água tanto num cano chamado de chuveiro de onde não despejava água nem suja muito menos limpa.

Aos quase cinquenta a putinha. Já que estava, ao se olhar no espelho, via em sua face sinais de envelhecimento já bem claros. Não apenas o brancume de seus fartos cabelos como a sua barriguinha dantes afundada. Agora mais parecia a uma caixa d’água estufada e cheia de vazamentos de urina pois ela acabou sofrendo de incontinência urinária desde quando nasceu sua única filha.

Foi, num dia cinzento, frio, começo de inverno. Ao entrar naquele quartinho de hotel onde Emília recebia seus clientes, ao abrir o tampo de uma escrivaninha percebi um caderno de capa dura com o título escrito nas letras bonitas da prostituta cujo nome verdadeiro era Sônia.

Diário de mim prostituta.

“Comecei a fazer sexo antes das primeiras regras. Pelas contas de minha mãe. Pra mim era uma desconhecida. Eu deveria ter menos de doze anos. Pela fotografia que se mostra num porta retrato que tenho na cabeceira de minha cama até que eu era uma linda menina moça. Tinha cabelos louros e cacheados uma verdadeira boneca de carinha clarinha mostrando dentro de minha boquinha linda abatonzada em vermelho, uma dentição perfeita.

E minhas pernas eram oblongas, lisinhas e roliças. Era uma verdadeira misse em minha tenra idade.

O primeiro menino com quem me deitei, sem saber bem como fazer aquilo que me fiz doutora, até que foi bem gentil comigo. Não doeu a penetração e não saiu sangue. Foi a primeira vez que senti aquilo que chamam orgasmo. Gozei em mais de meia hora duas ou três vezes. A partir de então me profissionalizei. Fiz-me primeiro acompanhante de luxo aos empresários que gostariam de se deixar ver acompanhados de belas mulheres mesmo mocinhas como eu era. Aos trinta exatos um cafetão passou a contabilizar meus ganhos que eram muitos pois fazia sexo mais de dez vezes ao dia fora as noites quando dormia em outros quartos que não aquele de costume.

Já uma vez chegada aos quarenta meus rendimentos foram paulatinamente minguando até se reduzirem a menos de dois salários mínimos ao mês. Foi então que algumas enfermidades contraídas pelas relações sexuais começaram a dizer que estava prestes a me aposentar de vez,

Já hoje, morando de favor numa casa de velhas prostitutas. Pois nem direito a aposentadoria conquistei. Espero que tanto a sífilis, ou Aids, venham me libertar deste meu sofrimento.

Não tenho mais futuro, já que o passado passarinhou, e o presente é isso descrito neste meu diário. Espero que algum escritor possa retratar em livro essa minha triste história. ”

É o que vou tentar fazer. Segundo o último desejo da pobre Emilinha.

Que morreu o ano passado. Neste mesmo meado quase final de maio.

 

 

Deixe uma resposta