Todo artista, em todas as formas de manifestações, seja na literatura ou pintura, seja transformando troncos secos de árvores mortas em lindas esculturas. Artistas plásticos renomeados ou desconhecidos. Cujos nomes se espalham mundo afora. Tendo suas obras preciosas feericamente vendidas em leitões concorridos.
Em todas as manifestações culturais o difícil é ser reconhecido pelo real valor. Como exemplo cito tantos escritores anônimos que escrevem qualquer tipo de literatura, em prosa e verso, e, se deixam seus livros a venda em quaisqueres livrarias os pobres encadernados passam a vida inteira mofando nas prateiras. Sem aos menos serem mostrados pelos vendedores aos pretensos compradores. E, quando o autor procura entre tantas obras ali deixadas. Prateleira das estantes recheadas de best sellers e seu pobre livreto ainda continua por lá todo empoeirado. Espremido na estante entre seus congêneres de mesmo destino- acabam mofados e carcomidos pelas traças e cupins.
Já que fui dotado de um talento nato de escrever. As minhas especialidades balançam entre crônicas, reportagens e romances. Não fico restrito letras a palavras habilmente interligadas em parágrafos sob a forma de livros impressos.
No entanto, quando meus olhos passarinham por uma linda pintura ou até mesmo escultura de um busto ou um nu qualquer. Se for de boa qualidade nestas imagens passo meus olhos e me perco a sonhar em que momento foi que o talentoso pintor ou escultor ali perdeu tempos a fio a olhar de viés aquela coisa ou loisa que o inspirou a criar tanta beleza.
Já eu, que tento retratar o lindo cotidiano não em imagens fotográficas, e sim com letras formadoras de palavras.
Na sexta feira passada. Recém saído da academia do meu clube. Após exercitar-me na esteira e na bicicleta imóvel e nela pedalei sem ter aonde ir. Depois de treinar tanto as minhas direitas ou revezes com a esquerda, na quadra de tênis do mesmo clube. Fui chamado a ir em diante daquele lindo condomínio onde morei por sete longos anos.
Em lá chegando dei uma voltinha pelo seu entorno até entrar no clube onde sempre corria tanto na esteira e à saída tomava um banho de sauna há anos antes do hoje.
Antes de voltar passando pela minha antiga residência. Meus olhos deram em três lindas crianças guiadas por uma de suas avós.
Não tive como não parar meu ímpeto de andarilho defronte a eles.
A frente da trinca de irmãos ia a cuidadora avó.
Liderando o grupinho ia o filhinho mais novinho do simpático casal.
Olhando, como se fossem a mãe do menininho as duas irmãs mais velhas.
Creio que a irmãzinha moreninha era a responsável pelas outraszinhas.
O que me atraiu àquele lindo quadro familiar foi a beleza da menina do meio.
Era a mim me pareceu uma mistura de um anjo ou um querubim sem asas. Seus cabelos lisos apresentavam um corte bem aparado dos lados e uma franjinha que quase lhe descia aos olhinhos meio azulados. E que brancume lhe coloria a tez e o corpo inteirinho.
Não tive tempo de saber qual era seu nome. Pra mim bem poderia ser Anjinha Celestial.
Em prosa com sua avó e sua irmãzinha de alguns anos mais ela me disse conhecer por um dos meus livros que seu pai possui em uma estante na sua linda casa.
Meia hora estive ali, meio abobalhado, admirado com a beleza daquela meninazinha lourinha como uma espiguinha de milho antes de virar boneca.
Deixei a linda família entrando no clube daquele condomínio e me dirigi à saída.
Uma vez em visita a uma exposição de pinturas de muitos artistas dos pincéis e das artes plásticas. No meio de um corredor daquela galeria de repente parei.
Meus olhos se voltaram a um quadro imenso. Dentro dele se podia ver uma pintura cuja menina que nele mostrava o rostinho era exatamente a mesma que vi naquela quase entrada naquele clube do condomínio Jardim das Palmeiras.
Agora, já presente na minha casa beira lago, olhando pela janela da sala onde escrevo, acabei de avistar a mesma meninazinha lourinha. De olhinhos de um azul esverdeado, e de pele branquinha como pétala de rosa branca, andando sobre as águas turvas, quase límpidas, da represa do Funil.
Elazinha, e a outra menina do quadro visto exposto na galeria de arte. E a menininha de verdade em companhia de sua avó e seus dois irmãozinhos, eram as mesmas.
A tal menina saída do quadro era nada mais, as carinhas lindas das duas outras, nada menos. Que um sonho meu…