Ah! Não fossem elas…
Delas nascemos. Sugamos suas tetas ainda bebês.
São elas que nos acarinham. Velam nosso soninho. Cuidam da gente até quando homenzinhos.
E, se não bastasse tamanho desvelo, são elas que nos oferecem colo quando amuados nele nos aninhamos.
Mulheres, fêmeas, sexo frágil? Já se foi esse tempo.
Graças a elas os tempos mudaram. Não mais são submissas, vivendo a nossa sombra. São elas que tomaram o timão da vida.
Graças a elas nosso barco não mais está à deriva. Agora navegamos em águas plácidas até chegarmos a um porto seguro.
Mulheres, valentes, denodadas, afáveis quando a ocasião enseja. Mas quando a coisa muda de figura essas mulheres mostram suas garras afiadas. E ai de nós se não nos comportamos do jeitinho que elas gostam.
Seremos parceiros companheiros reis destronados do trono. Meros soldados rasos num batalhão por elas comandado. À mercê de suas vontades e desejos. Pois sem elas não vivemos. E muito menos sobreviveríamos sem elas. Adoráveis mulheres que não mais usam saias. Espartilhos e anáguas já deixaram de ser. Agora elas usam aquilo que lhes dá na veneta. De ilustres sujeitas ao nosso comando as mulheres tomaram o mando do mundo. Ainda bem digo e não me arrependo de dizer.
Tenho duas santinhas protetoras. Uma já se foi, partiu deixando sua aura iluminada a iluminar meu caminho.
Minha mãezinha já não mais está por aqui. Nessa manhã chuvosa ela me abençoa lá do alto. Não a posso ver. Mas a sinto juntinho a mim.
A outra a tenho comigo a me abençoar desde há muitos anos. Ela e minha segunda santinha protetora. O esteio onde amarro minha égua. O alicerce onde foi construído meu lar.
Sem ela não sei o que seria de mim. Foi ela, minha santinha protetora, que me presenteou com dois filhotes. Que me deram três netinhos. A extensão do que sou e não mais serei de agora a alguns anos mais.
Estamos juntos a uma infinidade de anos.
Éramos quase crianças. Inocentes, não digo.
A primeira vez que nos vimos foi no rela do jardim. Ela pra lá e eu pra cá.
Foi mergulhando nas águas rasas de uma piscina que vi, pela vez primeira, a morenice de suas pernas morenas. Que vontade de relar as mãos.
Minhas santinha protetora até hoje me atura. Como ela consegue? Não sei. Quem sabe seria devido a uma palavrinha de poucas letras escrita amor.
Meu cumpleanos foi há alguns dias antes. Dia sete deixei o quatro para entrar no cinco.
Hoje, onze de dezembro, minha santinha protetora faz mais um aninho. Nem parece a idade que tem.
Juntos estamos. Desavenças existem entre nós.
Compartimos lençóis. A cama ainda é a mesma. Unidos venceremos as dificuldades. Quem não as têm?
Que nome dar a minha santinha protetora? Santinha dos desata nós? Santa milagreira?
Sei que ela ainda faz milagres. Há mais de cinquenta longos anos ela fabrica beleza em corpos não tão belos. Com sua tesoura encantada ela corta e costura. Uma esteticista da beleza modelando silhuetas não tanto em boa forma.
Minha santinha protetora me protege de maus olhados. Paga minhas contas com uma pontualidade britânica. É elazinha quem cuida dos meus ganhos. Não me deixa esbanjar e ainda guarda moedinhas num cofrinho porquinho.
No dia de hoje ela colhe mais um aninho. Não direi quantas velinhas serão. Tenho medo de incendiar a sala.
Mas sem minha santinha protetora não sei o que seria de mim.
Rosemirian, Rosa do meu jardim. Minha vida seria um jardim sem flores. Entre todas elas a rosa, que seja da sua cor morena. Ou de outra cor qualquer. Tenho a lhe dizer que não somente no dia de hoje. Como em todos os outros dias. Desejo-lhe que continue a embelezar o jardim da minha vida com sua beleza e simpatia.
Minha segunda santinha protetora é você. Que Deus a proteja hoje e sempre. E a outra santinha protetora. Que nos olha do céu. Tenho a certeza que minha mãe ora por nós. E por nossa família. Onde ela estiver.
Não sei o que vou lhe dar de presente. Já que meu maior presente é você.