A isso chamo afinidade

Substantivo feminino que nem sempre indica ser apenas inerente ao belo sexo.

Já que nós, homens, varões, podemos desfrutar de mesmos gostos, interesses, sentimentos e coisas afins.

Também afinidade pode ser entendida por afeição, afeto, amizade e até mesmo amor.

Trata-se de uma atracão sem razão de ser.

A mesma que une dois olhares. Que depois acaba se estendendo além da amizade. Transformando-se naquilo chamado amor.

Afinidade em absoluto não requer que tenhamos a mesma idade do outro. Pode ser estendida além disso. Pois tanto velhos quanto jovens podem desfrutar do mesmo sentimento. Já que colegas, amigos, não necessariamente que sejam, podem assentar-se a mesma mesa e a conversa versejar sobre o mesmo assunto.

Já disse dantes. Tenho poucos amigos. Conto nos dedos amigos chegados menos de cinco. Se tanto.

Mas, na minha profissão, espinhosa, ainda tenho pela medicina em alto conceito, quando preciso de colegas da mesma especialidade, quando me sinto em apuros com algum caso que me procura, a que recorro?

A eles cinco. Meus colegas de farda. Especialistas em urologia.

É só ligar pra eles e logo me atendem.

Quando pairam dúvidas eles prontamente tentam elucidá-las.  Se porventura algo inusitado acontece, a algum paciente, logo a eles procuro.

Tenho certeza que eles todos não falam mal de mim.

Pois, infelizmente acontece, na nossa vida diuturna, quando aqui chega um consultante, que já passou pelas mãos de outro colega, e não teve seu caso elucidado, a nós diz inverdades. O melhor nesse caso é nos calarmos. E seguir adiante a consulta.

Por eles todos sinto a maior afinidade.

Eu, como o mais experiente, anos e anos a frente, tento ser seus conselheiros.

Ontem mesmo nos reunimos. Em volta da mesma mesa.

Foi uma reunião festiva. Oportunidade única que deveria se repetir mais vezes.

Quem nos convidou foi um laboratório farmacêutico dono de uma marca de medicamentos para atenuar os sintomas do crescimento da glândula prostática. O qual merece meu crédito. Eu mesmo faço uso dele.

Embora fossemos de idades díspares a afinidade nos unia numa linguagem única. Não proseamos sobre urologia. Deixamos nossos pacientes a espera da próxima consulta.

Foram algumas horas de agradável convívio. Deixamos o restaurante por volta das onze.

A isso chamo afinidade. Um sentimento que em muito se assemelha a amizade verdadeira.

Podemos não nos encontrarmos a cada dia. E muito menos não frequentarmos a casa um do outro.

Mas, sinceramente, somos de fato colegas de muitas afinidades. Não somente a urologia nos une. Assim como a afeição, a ética, a decência, não a subserviência.

Podemos pertencer ao corpo clinico de hospitais distintos. Cada um no seu canto.

No entanto, se precisarmos um do outro, tenho certeza. Nenhum de nós vai se furtar a oferecer seu ombro amigo.

 

 

 

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