Causa mortis- remedaiada

Essa expressão “ remedaiada” pode não ser entendida em seu exato sentido.

Alguns podem preferir remedada. Excesso de medicamentos. Ou coisa parecida.

Morrer por excesso de fármacos pra mim não é nenhuma novidade.

Conheço inúmeros casos acontecidos. Drogas, são elas as grandes responsáveis por diversos óbitos que ocorreram aqui pertinho.

Duas empresas têm sobrevivido à crise que grassa nestes tempos bicudos que temos atravessado. Drogarias e supermercados são as mais visitadas.

Farmácias abrem suas portas a cada semana. Em nossa cidade parece até um formigueiro. Tal a quantidade que são vistas em cada esquina.

E se me perguntarem quais os fármacos mais procurados me atrevo em dizer- são aqueles de tarja preta ou em duas vias. Ansiolíticos, antidepressivos fazem parte do receituário nosso de cada dia.

Ontem mesmo fui a uma farmácia central e vi uma pessoa comprando medicamentos. Causou-me espanto a soma desembolsada. Ela orçava em mais de um mil reais. Uma quantia mais que suficiente para passar um mês inteiro com a despensa cheia. Só que estes fármacos, segundo me disse ela, durariam apenas uma semana. Se tanto.

Seu Juca, cuja esposa tinha o hábito de tomar remédios, eram mais de trinta que ela consumia, naquele dia de atendimento em uma unidade de saúde. Acabei de prescrever-lhe uma lista interminável.

Uma folha de papel não foi suficiente. Duas três, foram por mim assinadas. Por sorte caprichei nos meus garranchos. E o farmacêutico entendeu tudinho a risca.

Um mês se foi. Dois se passaram.

Seu Juca sempre comparecia pontualmente aquele ambulatório. E eu prescrevia a mesma lista costumeira.

Um ano inteiro passou. Outro se foi.

Estranhei a falta do velho amigo. Seu Juca não mais apareceu.

Preocupado com a ausência dos dois recorri à enfermeira de plantão.

“ O que teria acontecido a esposa do Seu Juca”? A ela indaguei.

A resposta veio a seguir. Desse jeitinho.

“Soube que ela morreu”.

“E a causa mortis. Soube qual foi”?

“Remedaiada. Ela se empanturrou de remédios e depois morreu”.

Fica aqui a recomendação de um médico com mais quase cinquenta anos de clínica.

O melhor fármaco é uma vida saudável. Evite exageros. Deixe o carro na garage. Exercite-se. Ao revés de ir a farmácias caminhe. E, ao  procurar o médico e peça a ele que não receite nada além do necessário. Assim, se por acaso vier a morrer um dia que seja durante o sono. Em saúde perfeita como bem disse meu avozinho.

 

 

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