Ah! Meus oito anos…
Longe lá se vão aqueles anos…
Agora conto com setenta e três. Fazendo as contas – setenta e três menos oito. Perfazem sessenta e cinco. Errei na contagem?
Se não a desculpa é que números não me atraem. Como as letras me seduzem.
Ainda me lembro dos meus oito anos. Aniversario em sete de dezembro. Pertinho do Natal. Como meu outro netinho Dom.
Se disser que quando a idade chega lembramo-nos de fatos passados não me equivoco. De fato aquilo que aconteceu no dia de ontem mal nos lembramos. A idade faz com que a gente volte os olhos pra velhas recordações. A primeira papinha que nossa mãe nos deu. Com gosto de abacate salgado. O quanto enjeitamos a sopinha de beringela que acabou sendo devolvida ao guardanapo feito com todo capricho pela nossa avozinha. A nossa careta que o espelho retribuiu. Mais tarde, já jovenzinhos, a primeira namoradinha que hoje por certo já se tornou avó. O noivado cuja festa fez-me tonto de tanta felicidade. Depois o casório que até hoje persiste após tantos anos. E, afinal o nascimento dele. Meu primeiro neto. Que nessa data completa oito aninhos. Cujo nascimento assisti de pertinho. O despontar para a vida daquele menininho lourinho. Dizem que muito parecido a mim menino.
Theo, agora menino ajuizado, completa nessa data, que coincide com o dia que nossa amada Lavras deixou de ser vila para se tornar cidade, passando a se chamar apenas Lavras.
Nesse dia festivo ele está ausente.
E como gostaria de enlaçá-lo entre meus abraços. Dizer a ele como eu gosto de você. Como eu amo meus outros dois netinhos. O Gael, comportado menino. Peralta como eu fui naqueles idos anos. Mas não deixo de fazer minhas peraltices. Pensando que ser menino ainda brota de desejo dentro de mim não mais criança.
Theo. Receba de seu avô que tanto o ama esta pequena lembrança de ti ao nascer. Foi há exatos oito anos que vi você sair de dentro do útero quentinho de minha pequena jornalista. Um menino feinho como são os recém natos. Embrulhado naquele pano verde. Que logo foi passado aos meus abraços para ir ao encontro aos de sua mãe.
Theo, como sinto falta dos seus passinhos no andar de cima. Já que você mudou de endereço para mais distante e não posso vê-lo a cada dia quando de volta ao meu apartamento. Saudoso de ti e do seu irmãozinho Dom.
Theo. Nesta data que você completa mais um ano de vida. Já que não posso abraçá-lo como gostaria. Receba de seu avô saudoso aquele abraço nostálgico. Aqueles votos sinceros de felicidade. Que ela perdure por mais tempo que a minha durar. Já que seu avô não vai durar para sempre.
Theo. Você, como eu fui, é meu primeiro neto. Em alguns anos não mais estarei por aqui. A olhar pra você pensando como eu fui menino. Ao lado dos meus pais. Mal imaginando que um dia seria avô.
Theo. Nesse dia vocezinho, meu querido netinho, não vai estar nessa cidade. Que na data de hoje aniversaria. Vinte de julho é sua data natalícia. E Lavras também compartilha.
Theo. Hoje você completa seus oito aninhos. Seu avó, em sete de dezembro, fica mais distante da sua idade. Sessenta e cinco longos anos nos separam.
Já que não posso voltar a sua idade pelo menos não me faça perder a esperança de revê-lo de nos próximos anos.
Muito embora não saiba quantos anos mais viverei. Espero estar presente de braços abertos para abraçá-lo por muitos e muitos anos mais.
Ah, meus oito anos. Que bom pensar neles.
Theo, você é a expressão pura e singela que, mesmo que não possamos voltar no tempo, aos meus oito anos, pelo menos em você me espelho.
Volte logo. Do seu avozinho. Aqui de longe. A espera de seu próximo cumpleanos.