Aprendi, com o tempo, que ainda tenho muito que aprender

A curva do aprendizado é pra mim ascendente.

Logo depois do nascimento começamos nosso aprendizado ao abrirmos os olhos. E nos deparamos com aquele ambiente aparentemente hostil.

Aquela sala de parto pra nós nada se parecia a nossa casa. Mas logo vem uma enfermeira acostumada aos recém natos e nos entrega embrulhadinhos aos braços de nossa mãe.

Com ela aprendemos a dar nossos primeiros passinhos pela vida.

A princípio inseguros e trôpegos. Tropeçamos, nos levantamos, caímos de novo.

Aprendemos que as quedas são inevitáveis tropeços.

Mas com elas aprendemos a ter mais cuidado. Nem sempre a cautela é obedecida.

Mas a gente, crianças ainda, com o tempo manquitolando, a primeira vez que nos levam a escola  as primeiras letras nos ensinam que ainda temos um longo caminho pela frente.

Eis que chega a idade de começarmos a ter responsabilidade. Estudar, aprender, continuar sempre rumo ao desconhecido. Destemidos que éramos. Mal sabíamos nós que o conhecimento estava apenas no começo.

É chegada a hora de decidirmos por que caminho ir.

A hora do vestibular nos acena com suas pedras a serem vencidas.

Mais um obstáculo a princípio intransponível era um marco divisório entre permanecermos como estávamos ou seguir adiante.

Eu decidi continuar aprendendo.

Aquelas mesas frias de mármore onde cadáveres serviam de aprendizado era mais um degrau da longa escada que precisávamos subir.

Não satisfeito com o diploma de médico queria ir mais longe. A Urologia me seduziu depois que uma pedrinha marota teimava em não sair.

E continuei a aprender nos anos de residência finalizada em Madrid.

Os primeiros anos de medicina nesta cidade foram recheados de aprendizados.

Tremia como vara verde ao empunhar o bisturi. E aprendi com meus senões a não errar tanto.

Foram anos duros aqueles tantos. Mas, movido por uma vontade férrea continuei meu aprendizado.

Confesso não ter sido fácil ver meus pais ausentes. Aprendi com eles a palavra amor descompromissado.

Mas ainda tinha muito que aprender.

Que a idade chega. Que o tempo não para. E que um dia teria de aquietar minha ansiedade.

Como fazer?

Foi na noite que meu querido pai fechou os olhos. Em seu sono eterno. Que de dentro de mim saiu a primeira crônica – Requiem a um pai sem limites.

Depois não parei mais.

Longe de deixar de aprender aqui estou. Aprendendo sempre. Sofismando continuamente. Devaneando cada vez mais.

Não sei por quanto tempo estarei no ápice da curva sinuosa do meu aprendizado.

No dia em que parar creio estar na hora de me despedir da vida.

Essa coisa linda que aprendi ao nascer.

 

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