Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece.
A primeira vez que somos apresentados àquela que nos deu a vida. A primeira vez que fomos à escola. As primeiras letras que aprendemos. O primeiro ano de vida quando mal entendíamos o porquê de tantos porqueres.
Eu não me esqueço daquele Natal passado. Quando eu mal consegui fechar meus olhos.
Antes que o sol se fizesse claridade lá ia eu, meninozinho, em busca de um presente previamente descrito na minha cartinha ao Papai Noel.
Era uma bicicletinha de rodinhas verdes mata que eu encomendei ao Bom Velhinho. Já desconfiava daquela história que ele vinha de um lugar distante. E percorria as casas do mundo inteiro usando um trenó puxado por renas que avoavam.
Mesmo assim era uma data muito importante. Famílias reunidas ao redor de uma mesa cheia de guloseimas. E essa linda noite varava madrugadas. Pena que os Natais se foram. Agora deles só restam lembranças. A família que me gerou se foi. A outra felizmente agora dá suporte aos meus sonhos pueris.
Também não me esqueço do primeiro livro que editei. Seu nome é – À Sombra dos Ipês Contestações e Devaneios. Outros de mesmo nome se seguiram. Depois resolvi mudar seus títulos. Ao todo contam vinte. Entre crônicas, romances, todos versam sobre temas que o cotidiano me inspira.
Agora, prestes a lançar aos olhos de meus leitores não vejo a hora de chegar a quinta feira. Dia seis, deste mês de julho, vem à luz Rakel. Com que ansiedade carregada de dúvidas a espero. Quantos irão se interessar em conhecer a história daquela andarilha que um dia vi dormindo aqui pertinho. Ela em verdade existe. O resto não passa de invencionices minhas.
Mas espero que essa trama vai ser do agrado de todos. Não me iludo que esse romance, recheado de aventuras pelo Amazonas e pelos países limítrofes seja mais um best seller. E que vai bater recordes de vendas. Mas pra mim o que importa é que como me deu prazer em escrevê-lo.
Pra quem não conhece o Binho faço dele uma breve apresentação.
É um garotão de força comparável a de um Sansão.
Filho de meu amigo Betão e da dona Lúcia. O mais jovem de um quarteto de irmãos.
Ele é o braço direito e esquerdo de seus pais. Sem ele a atividade leiteira não teria sucesso. Com a força que Deus lhe deu ele enche os cochos de silagem a dar as vacas.
Ele, como eu, não tem parança.
Pau pra toda obra. Seja para roçar a pastaria ou para manejar o trator com maestria.
Antes era meu zelador de minha casa à beira da represa. Meu paraíso encantado onde passo finais de semana.
Agora é o responsável pela limpeza de minha piscina.
Nós nos comunicamos pelo zap. E ele se recusa a mandar mensagens pelo áudio.
Seu português era terrível. Entres duas palavras eu mal entendia a primeira.
Agora, anos depois de algumas correções, seu português melhorou de tal forma que eu o incentivei a escrever seu primeiro livro.
Não foi uma missão tão impossível. A princípio o tema por mim proposto não foi bem aceito por ele.
Falar, ou descrever sua vidinha singela, o tal livro não passaria de duas linhas.
O Binho merecia mais.
A vida que ele levava deveria se resumir num parágrafo apenas. Mas ele continuou além das entrelinhas.
A primeira namorada ele omitiu. O mesmo não aconteceu a sua vaca predileta. E como ele amava a Braúna ela mereceu um capitulo inteirinho,
Enfim, depois de meses passados, o livro do Binho foi por mim revisado. Ele mais cometia senões que propriamente acertos. Foi preciso um caminhão de paciência para chegarmos ao ponto final.
Agora, prestes a lançar meu romance Rakel, a Vaca Braúna está pela metade.
O primeiro livro do Binho vai ser um sucesso entre a vacas. Como espero que o meu seja bem aceito pelos amigos que aqui deixei.
Ah!, se alguém se sentir ofendido se o chamarem de vaca não aceito a ofensa. Tem alguém mais simpático que uma vaca pastando?