Como nos dava prazer, depois de nove meses de espera, alguns são mais apressadinhos e saem antes daquela cavidade segura em meio a um líquido protetor chamado amniótico, e após esse longo período de espera nasce feinho um bebezinho que é recebido e logo embrulhado num pano pela enfermeira e logo é apresentado a sua mãe.
Ainda incrédula que de dentro dela foi gerada uma criança. Diz logo o comovido pai que é a sua cara. Embora recém natos não se pareçam como ninguém. Pois são deveras feios como pardais eclodidos de um ovinho depositado pela pardaloca já emplumada. Eu não considero pardais vira-latas dos passarinhos pois embora eles sejam a maioria das avezinhas e eles tomam conta dos telhados tanto nas cidades como na roças. E não cantam e não tenham a beleza dos pássaros de tantas cores e matizes. Penso terem os ariscos pardais alguma função entre seus iguais da mesma maneira que os cães de nenhuma raça além de serem amistosos são os ideais não apenas para vagabundearem pelas ruas a caça de comida. Ou servirem de cães bons companheiros dos homens da roça. Sem eles o que seria das nossa moradas campesinas. Um nada além de vê-los latindo a chegada de estranhos ou quando eles abanam seus rabinhos quando chegamos de mansinho a nossa casa sem nos anunciarmos previamente.
Quanta divagação antes de dar começo a minha crônica de hoje cedo.
Não quero dizer sobre a alegria do nascimento de um filho ou neto.
Eles são deveras bem vindos a esse nosso mundo pra muitos chamado mundo cão.
Pra mim essas palavras interligadas formando parágrafos. As quais depois de tempos passados defronte as teclas de um computador. Tomados pela inspiração que nos assopra a cada dia. Pra mim ao amanhecer. Ao fim de um tempo indeterminado.
E quando a gente insere um ponto final em nosso escrito. Uma sensação inimaginável de alívio percorre em frenesi desde a nossa pele ao mais profundo âmago.
Aí, neste interregno passamos a revisão final. Quando não nos sentimos seguros pedimos a um mais entendido que corrija os nossos senões. Pontue os parágrafos corretamente. Craseie onde deveria ter crase ou simplesmente deixe sem ela.
Depois passamos a pensar na capa de nosso livro. Como ela deveria ser. No meu caso a temática seria um morador de rua. Um sem teto ou andarilho.
Como não temos nenhum conhecimento sobre arte. Deixamos essa parte a quem entende.
A seguir nos espera contar com a colaboração de uma pessoa que sabe e conhece sobre paginar e diagramar tantas linhas e palavras. E organizar em linhas certas todos os nossos escritos.
Ao final de todo esse processo enfim entregamos nosso livro ainda sem capa a uma maternidade pra mim igualzinha a que existe em hospitais.
E máquinas que vomitam tinta, barulhentas e ruidosas, imprimem páginas e páginas de nosso romance já com seu titulo inspirado no tema principal de nossa musa inspiradora que no meu caso foi Rakel.
Quando essa data se avizinha não vemos a hora de tomar nosso filho livro nos braços e acarinhá-lo da mesma maneira que uma mãe verdadeira faz ao seu filho.
Mas filho livro não chora. E nós, pais amantíssimos, vemos lágrimas brotarem de nossos olhos que lacrimejam sempre. E o desejo de chorar faz nosso coração tiquetaquear mais forte.
Hoje, dezenove de julho, faltam quatro longos dias para que meu novo filho livro nasça da maternidade gráfica editora dessa vez vindo de Curitiba.
Rakel, linda menina, andarilha, não sei por onde você andaria.
Se mais ao sul ou chegando as praias do nordeste. Ou de volta a sua Santos Dumont. Aqui pertin em nossa amada Minas Gerais.
Meu romance Rakel como o esperei tentando controlar minhas emoções.
Enfim você vai chegar. Que venha não besuntado em líquido amniótico ou sujinho em restos de placenta. E sim em linda encadernação como espero ser.
No dia que você chegar, pelo correio, enfim minha ansiedade vai ser atenuada. Mas minhas lágrimas ainda terão de ser enxugadas. Não em suas páginas inspiradas. Ou em sua linda capa.
Mais alguns dias o terei pertin de mim.
Rakel, minha musa inspiradora.
Me perdoe, verdadeira Rakel. Se por acaso terei cometido alguns deslizes com você, Rakel de verdade.
Mas se o fiz não foi por querer mal a você, que mal a conheço.
E, se porventura esse meu romance chegar as suas mãos o receba com o maior afeto e carinho. De mim pra você- de Paulo Rodarte para essa Rakel andarilha que descobri dormido antes do meio dia sob uma marquise da Santa Casa numa manhã domingueira.