De nada adianta remar contra a corrente

Se as águas sempre vão pro mar.

Como de costume acordo ao nascer do dia. Hoje aconteceu do mesmo jeito.

Era bem cedo ainda. Menos de seis da manhã. O dia amanheceu com a temperatura de verão. Quente, abafado, sem sinal de chuva no alto. Dormir sem ar condicionado se torna uma heresia. Por mais que a gente tente nada de conseguir ficar na cama além da hora em questão.  Num pulo salto do leito. Tomo minha Maltodextrina, aquele carboidrato que me dá energia, para mais um dia de trabalho.

A seguir tento pentear o que me resta dos cabelos. Como eles já foram fartos. Já hoje, na aurora da minha vida, eles deixaram em seu lugar um amplo descalvado. Ainda a calvície não me tomou por inteiro.

Tive de ir ao banco com minha mulher. Naquela hora temprana mais uma fila se mostrava à porta de outro banco. Eram pessoas à espera daquele auxilio prometido pelo governo. Este ano fecha as portas melancolicamente. O que nos espera o ano que vem? Tomara a situação se amenize. Do jeito que se mostra, com a crise nos batendo às portas, não há como suportar mais a tal pandemia. A tal vacina aparece em boa hora. Que ela seja estendida a todos aqueles cidadãos, brasileiros, oriundos do estrangeiro, sejam ricos ou pobres, de qualquer faixa de idade em que se encontram. Precisamos retomar nosso rumo. Parece que perdemos o prumo. Neste ano fatídico de dois mil e vinte.

De nada adianta remar contra a correnteza. Se todos iremos para o mesmo lugar. Mais cedo ou no mais tardar dos dias, iremos, querendo ou não, para um espaço especial. Que minha partida seja retardada. Quem saberá quando será? Tomara seja num dia trinta de fevereiro. Brincadeira. O importante é viver intensamente o tempo que nos resta. Sem pensar sequer no que o amanhã nos reserva.

De nada adianta remar contra a corrente. Devemos sim seguir adiante. A passos firmes, sem olhar pra trás. Viver o presente é o que conta. Contar anos que ficaram esquecidos, não importa. Fechemos as comportas das nossas lembranças. Bem sei que elas foram boas. Mas, pra que ficarmos sempre a espera de dias melhores? Vivamos o dia presente. Sem nos preocuparmos com o que vem pela frente. O melhor da vida é ter ao nosso lado as pessoas que amamos. E querermos bem mesmo a desconhecidos.

Pra mim nada representa a situação aflitiva por que estamos passando. Enfrentá-la é o que importa. Se uma porta se fecha outra se abre logo depois.

Aprendi, com o passar dos anos, que nem tudo parece desengano. Equivoco-me sim. Preocupando-me demais.

De nada adianta remar contra a corrente. O mar está logo al. Além das montanhas das minhas queridas gerais.

Hoje, atento ao passar dos anos, considero-me uma pessoa feliz. Tenho uma família maravilhosa. Dois filhos que me presentearam com três netinhos.

O que mais desejar como presente de Natal?

Quem sabe paz e alegria. Saúde e boa companhia. Tenho a dar aos outros tudo que desejaria. Se perdi meus cabelos? Que mal que faz.

Aprendi, com o passarinhar das horas, que nada adiante ir contra os desígnios de Deus. Ele nos oferece o que merecemos. Pra que almejar um cadinho mais?

Bem sei que de nada adianta remar contra a correnteza. Ela pode nos arrastar para um lugar especial. Tomara seja o céu onde moram meus queridos pais.

Deixe uma resposta