Por sanção se entende a reação da ordem jurídica à violação do direito, mediante à aplicação de uma consequência desfavorável ao autor dessa violação ou ao ato que a perpetrou. As sanções têm caráter preventivo, educativo e repressivo. Como também podem ter a finalidade de reparação de danos pelos responsáveis que causaram prejuízos ao órgão ou entidade.
Já a Bíblia entende por Sansão “homem do sol”, um nazareno dotado de força descomunal, capaz de matar leões a unha e derrubar colunas de mármore rijo. E toda sua força nascia de seus longos cabelos. Que se cortados rentes essa força esmorecia.
Dai a importância de não se confundir sanção, punição. Com o outro Sansão, personagem bíblico. Retratado em filmes épicos. Cuja força era tida miraculosa. Capaz de derrotar exércitos. Um só homem sozinho, com a força que Deus lhe deu, acabou se apaixonando por uma Dalila. E até hoje as mulheres, que se dizem do sexo frágil. São capazes de nos derrotar com a força dos seus sorrisos.
E essa palavrinha, sanção do ç, agora está na moda. Já que um tal presidente topetudo, reeleito recentemente, não se sabe bem a razão, decidiu aplicar a tal sanção a um juiz togado. Magistrado pra muitos exagerado. E pros seus colegas um exemplo a ser seguido quando se pretende endireitar um pais. E punir exemplarmente quem precisa ser punido.
Deixando de lado as punições, já que as contravenções frutificam por aqui. E quem paga cadeia não são os colarinhos brancos e engomadinhos. E sim os pobres ladrões de galinha que não tem grana para pagar fiança.
Vamos a outra sanção. Não aquela que o outro Sansãozinho. Pobre coitado do marido da dona Tiana. Que vivia pra sua dona. De nome Tião, que nem cabelo tinha. Mais carequinha que bola de bilhar.
Marido e mulher viviam numa rocinha erma. Perdida nos cafundós de onde Judas perdeu as botinas de tanto trabalhar e não ganhar dinheiro.
E quem dava as ordens não era o pobre Tião.
Quando dona Tiana falava não esqueça o sim. Tião era todo respeito. Não tinha peito para contestá-la. Era bem mandado. Um zero a esquerda naquele convívio nada complicado. Já que dona Tiana mandava e ele obedecia cegamente.
Um feio dia, por ela nunca esquecido. Seu Tião voltou mais tarde pra casa.
Com a desculpa andrajosa de ter ido pescar.
“Cadê os peixes”? De vassoura empunhada, prestes a lhe dar uma boa chicotada de vara de marmelo durinha. Dona Tiana o esperava com a vó atrás do toco.
“Não te disse pra chegar antes das oito? Você saiu de fininho sem me avisar. E nem levou sua vara de pescar. Onde você estava seu malandreco? Isso é hora de chegar”?
O desinfeliz Tião não sabia onde esconder a cara. No boné não cabia. Resmungou qualquer coisinha e escafedeu-se na braquiária. Bem sabia ele da ojeriza da sua mulher quando ele saia sem dar noticias e chegava no mais tardar das horas.
Naquele dia infausto Tião da dona Tiana se preparou para o pior.
Mal sabia ele qual sanção ela iria lhe dar de presente.
Dormir no sofá seria bem pouquinho. Ficar sem janta seria bem ruim. E ficar sem a sua cervejinha bem geladinha um suplício. Dormir noutro quarto como? Se na sua casa só tinha unzinho.
Naquela noite dona Tiana estava deveras zangada.
E seu Tião teve de ouvir as reprimendas caladinho.
“Ah! Seu moleque. Você vai ver. Não vai ter direito de falar nadica de nada. Cala-te boca! Vai ficar sem comer. Melhor, precisa esmagrecer. Pescar, então, está proibido. Vou vendera sua tralha de pescaria. Vai dormir no mato onde tem carrapato pra se coçar. Vai ainda ter de morar na casinha do cachorro. Comigo nunca mais.”
Hão de concordar comigo. As sanções da dona Tiana pro seu marido Tião até que não foram das piores.
Seriam piores ainda do que aquelas que o tal presidente lourudo aplicou no carequinha do STF?
Não sei não…