Eita menininhos ligados aos tais tablets!
Não se desgrudam dos tais celulares por mais que tentemos com eles dialogar.
Não desviam seus olhinhos presos àqueles joguinhos que mal entendemos. E quando a gente tenta falar com eles mal nos escutam.
Eles não só entendem daquela parafernália, pra nós velhos, de outros tempos, acostumados a outros tipos de jogos, ainda não existiam os celulares, tais como finca, bete, bolinhas de gude, bater figurinhas na tentativa de virá-las ao contrário. E outras brincadeirinhas próprias de meninas, como montar casinhas de boneca ou pular amarelinha. Coisas e loisas pra nós divertidas. Tais como jogar futebol naqueles campinhos cambetas com bolas improvisadas feitas de meia. Ou afanar jabuticaba na horta de algum vizinho. E quando ele chegava irado subíamos novamente no muro. E voltávamos a casa temerosos da reprimenda de nossos pais.
Saudosos anos aqueles. E que vontade de voltar a ser menino. Aos meus oito anos. Ou um cadinho menos.
Neste final de semana nossos netinhos foram entregues aos nossos cuidados. Theo e Dom.
E como eles são danadinhos. Não fossem pela inestimável ajuda de suas babás não sei o que seria de nós.
Não dávamos conta de a eles cuidar.
A única maneira de mantê-los sob controle é deixando-os manejar os tais tablets.
Sem eles nada poderíamos fazer.
Agora eles ainda dormem no meu apartamento. Na noite de ontem quase joguei-los pela janela tal a azáfama que eles dois aprontaram.
Dom desdenhou do cachorro quente que foi caprichosamente feito pela sua amada Jackie. Já o Theo, garotinho esperto, se não fosse o tal tablet não sei o que seria de nós.
Donzinho, sempre faminto, exigiu que gostaria de comer milho verde. Foi preciso botar algumas espigas na panela de água fervendo. Esperar alguns minutinhos para que elas ficassem cozidas. E derriçá-las da espiga temperando-as com um tiquinho de sal e manteiga derretida.
E só depois de comer grãozinho por grãozinho aquietou-se naquele joguinho no seu tablet.
Já o Theo, como eu desconhecia a senha da internet do meu apartamento. Não sei nem a minha.
Chamou-me as falas dizendo bravo: “é isso ai! Em casa de pobre não entro mais”.
Acabamos saindo de mansinho. Deixando-os sozinhos naquele lugar.
Não sei o que agora fazem. Tomara ainda estejam dormindo.
Aquele soninho gostoso que só meninozinhos sabem desfrutar.