Pra que lutar tanto?

Se essa pergunta fosse direcionada a um lutador de qualquer modalidade de pugna. Que fosse de luta livre. De judô. De box ou MMA. Ou até mesmo uma das variantes variáveis de outro tipo de luta. Qual seja a greco romana ou a dança de capoeira que mais se trata de um bailado sob o alarido de pandeiros e ritmos próprios. Onde se usam instrumentos típicos chamados de berimbau, o atabaque, o pandeiro, o agogô e o reco reco.

Eles todos uníssonos e afinados diriam: pra que lutar tanto? Se este é o nosso metier? Vivemos de exibirmos a nossa performance pelos ringues, praças e mesmo nas ruas. E como é bom atrair simpatizantes a nossa causa. E carecemos não somente de estarmos em boa forma física e com a mente sadia. Para que, um belo dia sermos campeões em nossas artes. Pois luta praticada com disciplina nada mais é do que uma das artes que o bicho homem tem a chance de subir ao pódio. E não importa se somos vencedores ou vencidos. O que em verdade conta é competir com lealdade e humildade. Se por ventura recebemos o troféu de campeão. Ou somos coroados com os louros da vitória nunca deveremos desconsiderar. Ou deixar de cumprimentar o já humilhado por ter chegado em último lugar.

A vida é um eterno e mal visto combate. Que aos fortes, ou bravos, só deve exaltar.

Mas não se esqueçam jamais de estender a mão àqueles que gostariam de saírem vencedores e não conseguiram seu intento. Perder faz parte da pugna. E ir ao nocaute pode acontecer depois de um direito bem dado no queixo duro do adversário.

Mas vamos nos esquecer dos atletas. Tanto vencedores como vencidos ou derrotados.

E vamos passar a falar dos cidadãos ditos comuns. Como eu e como vocês.

Que sejam gente de classe média ou opulenta. Não confundam opulenta com polenta. E como aprecio a segunda bem frita acompanhada de uma cerveja bem suada.

Eu, logo que aqui finquei meus dois pés, oriundo das terras de Espanha. Sem ter visto as touradas de Madri. Trazendo novidades na minha especialidade. Como exemplo cito a cirurgia de próstata sem talhos na pelve do paciente cuja glândula crescida e sem serventia só, no idoso serve para atrapalhar a urina. Que sai em pinos da uretra agora obstruída pela próstata crescida. E, quando ela começa a estorvar. E nos faz urinar com dor ou sangramento. Que seja a tal próstata uma das causas principais de infecção urinária no velho. Vamos acarinhar o decano dizendo-lhe não velho e sim dotado de muita experiência acumulada ao sabor dos anos.

Eu, esculápio neófito, vindo de terras d’além mar.

Neste interregno de minha existência pensava que todo médico poderia ser fazendeiro.

Ledo logro. Mal sabia euzinho o por que dos porqueres de o leite ser branco mesmo saindo de uma vaca preta como anu deitado, para descansar, num balde de pixe.

E inda deudas me apoquentavam e me martelavam a substância cinzenta fazendo minhas células neuronais se chocarem.

Ainda neófito no assunto no que versava sobre a atividade leiteira por que razão vaca de três tetas não dá leite como as de quatro perfeitas. Pois deveriam dar ou produzir a mesma quantidade. Já que o leite sai do mesmo mojo estufado pela parição recente.

Da mesma maneira ignorava a razão de o por que o lindo bezerrinho machinho. Apelidado de gabiru. Não tem o mesmo destino de um seu irmãozinho mestiço a zebu. Ao qual é permitido virar touro reprodutor garanhão das quebradas. O qual tem a competência de saber idenficar, pelo odor, qual novilha ou vaca de terceira ou quarta cria que com certeza absurda irá permitir a monta. Sendo fecundada em instantes pelo semem do macho touro.

Eu, na minha extensa e malograda lida na roça. Por quase longos quarenta anos na lida leiteira.

Na minha rocinha prejuizenta na zona rural de Ijaci. Só levei manta e o prejuízo crescia ano após anos.

Persisti na lida passando um tirador de leite a cada trezentos e sessenta dias.

Quem mais ficou na minha rocinha foi o retireiro de nome Custódio da dona Hilda. Os dois tiveram uma ninhada de gabiruzinhos e uma bezerrinha novinha e magricela de nome Leila Pé de Valsa. E como ela era boa dançarina a menina.

Já cansado da lida com as ruminantes decidi. Sem consultar o padre Bento, meu confessor. Que seria mais aconselhável passar o meu retiro a frente.

E assim o fiz. Depois de escutar mil conselhos ao contrário.

Acabei arrendando meu pedaço de chão a um amigo vizinho de pasto.

Betão ainda é o seu nome primeiro. consorciado com dona Lúcia. Uma das filhas mais lindas do cumpadre Zé Antonho. O qual se acha meio avariado das pernas. Não o tenho visto assentado a porta de sua porteira. Sempre o encontrava, antes da chegada a minha rocinha, lá pelas bandas das cinco da tarde. pra ele dia morto. Com seus olhinhos quase se fechando pois era hora de ele dormir.

Como não gostaria jamais de me apartar da gente pouco exigente do lugar. Separei uma ínfima parte dos meus quase quarenta hectares mineiros. Uma faixa beira lago. Onde edifiquei uma linda morada. Na parte mais alta do terreno pode-se ver minha linda casal. Entre ela e o salão de festas une-as uma bela escada. E uma piscina de águas azuis como as retinas dos olhos lindos daquela bela mocinha.  Lugar de nadar ou de relaxar ali dentro nas parcas vezes quando ali pulei.

E logo abaixo encomendei. A amigo Giovani Bambu que construísse um píer. E como o tal ficou mais ainda belo após as tres demãos de verniz passado pelo amigo pintor Clodoaldo. E seu afilhado Vitinho. O qual um dia me disse que iria seguir os passos do tio Du.

Mas esta morada, por mim batizada de Solar Paulo da Rosa. Sempre tem alguma coisa em falta para chegar aonde desejo.

A estrada é principal é o ponto de toque. Não o tal toque que o urologista pratica em seus pacientes depois dos quarenta e cinco.

Acontece que a estradinha curta. Cerca de oitocentos metros da casa amarelazul. Cenário do meu romance Madest. Até lá embaixo. Na residência estupenda onde de vez em quase nunca pernoito. Tem-me me dado dores de cabeça para mantê-la transitável. É um barranco que desliza levado pela força das enxurradas em tempos de chuvas tempestuosas.

São reses do amigo Betão que trafegam por aquela estradinha nanica e tortuosa.

E onde vacas passeiam pode-se esperar lama viscosa na sua passarela.

Ontem, segunda feira que se despediu chuvosa, depois de uma súplica minha ao profissional secretário de obras de Ijaci. O candidato a prefeito. No próximo pleito. Ele, Toninho é o meu candidato a manda chuva maior. E o bom de prosa Max Material de Construção tem feito campanha a vice.

Ao meu pedido a retro escavadeira da prefeitura de Ijaci estava concluindo a limpeza do buraco onde vai ser o túmulo da silagem do amigo Betão.

Só que, segundo as ordens explicitas dadas pelo competente Toninho era para me ajudar a reparar os estragos das derradeiras chuvas num barraco pertinho da minha casa à beira da represa do lago do Funil.

E, por mais que eu mandasse whatsup tanto ao disponível secretário de obras e ao Binho. Filho parrudo do meu afilhado Betão.  Nada consegui ver concretizadas as minhas intenções.

E acabei capitulando. Senti-me vítima de um crescente desânimo e melancolia de continuar a existir.

Pra que lutar tanto contra as adversidades? Por que motivo persistir na luta contra as intempéries que a natureza age raivosa contra nós, humanos?

Ontem, deveras desmotivado a continuar na minha luta inglória pensei em estender a bandeira branca suplicando por paz.

Pra que lutar tanto? Se na minha pugna sinto-me só. Somente eu contra uma multidão de pessoas que pensam ao revés?

 

 

 

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