A princípio faço uma pequena divagação sobre o significado da palavra brochar.
Trata-se de um termo chulo, segundo apregoam os dicionários. De baixo calão.
A grafia exata se escreve com ch. Não com um x. Como confunde a maioria.
Brochar, falando corretamente, segundo minha especialidade dita, dá no mesmo que perder a ereção durante um ato sexual.
Na maior parte das vezes este acontecimento funesto, imprevisível e bastante frequente, este ato falho, no linguajar rurícola é conhecido como faia, fracasso, insucesso, ocorre tanto nos jovens quanto na maior idade.
Após a sensação de orgasmo acontece um relaxamento. Na maior idade, lá se vai a mocidade, torna-se missão impossível persistir na relação. A não ser quando pela frente nos deparamos com um capim novo. Trocando um miúdos – uma mocinha ainda formosa, de ancas largas, lábios sedutores, olhares concupiscentes, traseiro arrebitado, pernas pra que te quero pertinho dos meus desejos.
Aí a brochada se torna menos frequente. E somos capazes, segundo o dito de um tal de Sebastião, pelo qual tiro o chapéu, e temo ficar pertinho dele, a última vez que aconteceu tal efeméride o ato sexual se repetiu por tantas vezes que ele não se recorda quantas foram.
Brochar parece coisa de pintor de paredes. Pois broxa, aquela usada em pintura, não sei se se grafa deste jeito, com x ou ch, logo perde a serventia. Pois o trabalho repetitivo logo leva ao desgaste. Carecendo de uma novinha. Como aquela garotinha que jura e desconjura que foi aquela a primeira vez. Embora tenha sido mais rodada que pneu de caminhão quase na lona da amargura.
Broxei. Não se apoquente com esse comum acidente de percurso. Ele se deve a várias causas.
Doenças intercorrentes podem ser as responsáveis pelo incidente. A diabetes é a maior e mais frequente. A pressão alta da mesma forma, devido ao uso de certos medicamentos, ainda concorre para a brochura.
O afluxo de sangue ao órgão copulador, conhecido como pênis, é o que mantem a ereção. Os corpos cavernosos, de braços dados aos esponjosos, por onde corre a uretra, deve se encher de sangue, na hora da penetração. Daí as faias que porventura podem acontecer. Pois nada é eterno enquanto perdure a ereção.
Sem deixar as explicações de lado, já que não desejo me alongar demasiado, outra queixa mais frequente, que por aqui aparece, sobretudo nos jovens, trata-se da ejaculação prematura.
Antes de começar, terminou. É o que dizem os consultantes.
Costumo dizer, naquela conversa mole, pra boi se levantar, que a ansiedade é a causa da inadequação sexual.
“Carma”, que a vida passa. E logo a sofreguidão desaparece. Assim como a chuva cessa. Assinalando a presença de um lindo arco- íris na linha do horizonte.
A fimose deve ser imputada como uma das razões da ejaculação precoce. O excesso de sensibilidade faz misérias com o infeliz pênis encapado.
Uma vez removida aquele bico de lamparina, conforme fui informado por aquele meninozinho imberbe, na sua primeira vez, a coisa foi de bem a melhor, depois da operação.
A transa teve começo e quase não terminava. Só foi interrompida pela chegada inoportuna do pai da criança.
Mas o fato que agora retrato, não é fruto da fruta dos meus devaneios, divago sim, não com a vagareza de costume, realmente aconteceu no dia de ontem.
Estava chegando à academia de ginástica. Um nome em desuso. Agora mais se usa espaço fitness.
Lá encontrei aquele mesmo veinho. Marido da veinha que já morreu.
Depois de quase duas horinhas inteiras de malhação, correndo na esteira e levantando ferros, suor escorrendo-nos pela face suada, ele me disse, garboso da sua saúde, apesar de quase noventa anos por detrás.
“Nois num faia um só dia”.
Na horinha mesmo pensei, com os cordões do meu sapatênis: “será que a tal faia se referia à brochada que ele se esqueceu? Ou, ao revés, seria um lapso de memória, já que ambos estamos caducando. Conforme um dia me disse a minha avozinha”.
Tenho sido frequente na academia. Não faio um só dia. A outra faia só a mim diz respeito.