Vale a pena?

Qual o valor da vida?

Em cifras, em polegadas, ou em metros quadrados?

Podem responder aqueles que amam viver.

Muito mais.

Não se mesura a vida em nenhum destes índices.

Ela em verdade vale a pena, na linguagem de um grande poeta português, quando a alma não se apequena.

Pra mim a vida deve ser vivida  quando a saúde ainda bafeja em nosso corpo ainda não alquebrado pelos anos. Quando as enfermidade se aboletam nele. No momento em que precisamos respirar graças a ajuda de aparelhos. Aí viver não faz sentido.

Vale a pena de fato viver quando sentimos o vento acarinhar a nossa face. Quando podemos desfrutar da chuva caindo mansa no verão. Que seja em qualquer estação.

Quando o amor ainda crepitar forte em nosso peito. Quando os sentimentos ainda prevalecerem.

Vale a pena viver quando ainda podemos colecionar amigos. Mas, assim que nos deitamos nalgum leito de hospital, inermes, gravemente enfermos, pra que continuar a viver?

Se a morte é inevitável. Consequência inadiável. Que um dia vai nos levar a algum lugar desconhecido. Por sorte ao lado de pessoas queridas. As quais amamos em tempos pretéritos.

Se vale a pena viver outra vez lhes digo.

Agora sim. Quando a lucidez ainda me domina. Quando meus passos são por mim guiados. Neste momento exato quando ainda tenho a capacidade de escrever tanto.

Quando estas minhas capacidades foram retiradas do meu eu pra que continuar a vida?

Ela só tem sentido quando meus sentidos ainda prevalecerem. Quando não puder decidir por mim mesmo o que fazer. Quando minhas pernas não me obedecem. Assim que meus sonhos desabarem. E não puder mais sonhar. Pra que?

Se vale a pena viver eu mesmo me indago.

Vale sim.

No entanto, no momento em que meus sentimentos forem desalojados do meu pensar, e eu me tornar um peso morto aos que me amam, pra que continuar a viver?

A vida só deve continuar quando a gente ainda tem a capacidade de gerir o próprio destino. Mas, no momento quando não somos mais capazes de perdoar, de amar mesmo a quem desconhecemos. Pra que viver se a morte chega. Sem se anunciar. De mansinho. Prefiro que ela venha durante o sono. Rápida como uma águia num voo rasante prestes a abocanhar sua presa.

Se vale a pena continuar vivo repito. Vale muito.

E, se me perguntarem qual o valor da vida respondo. Sem pensar duas vezes.

Seu valor não tem preço.

Desde que alguém que a avalie o faça em sã consciência.

Vale pelos momentos vividos. Pela felicidade encontrada ao lado de quem amamos.

Vale sem medir seu peso.

Agora mesmo, aqui, nesse dia quase agosto findo tenho pensado no valor exato da vida.

Um dia não mais estarei por aqui. Mas não podem dizer que não dei valor a minha vida.

Ela valeu a pena ser vivida. A cada segundo. A cada madrugada. A cada momento em que aqui estive. A descrevê-la nos meus textos . Como esse que agora terminei.

 

 

 

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