Diz um ditado: “ quanto mais se vive mais se aprende”’.
Deveria ser assim.
Mas pra muitos tem sido assado.
O aprendizado deve ser contínuo. E não parar jamais.
As primeiras letras a gente aprende na escola. E somar e multiplicar pode ser ao mesmo tempo.
E quem não tem a oportunidade de ir à escola? Cabem aos pais essa agradável incumbência.
E quando os pais não tiveram a chance de aprender? Como fazer?
A vida talvez seja a substituta das mestras. Mas cuidado com o que se aprende nas ruas.
Elas não são as melhores professoras. Como a minha saudosa dona Beliza.
A vida tem me ensinado muitas coisas.
Aprendi a escrever na escola. E como amava a nossa língua pátria. Já a matemática não me atraía. Sempre digo: aos números prefiro as letras.
Ainda menino só tirava notas boas. Principalmente nas redações. Mas não fazia feio na tabuada. Somava e diminuía sem olhar o quadro negro. Fazia contas de cabeça como gente grande.
Aprendi, com os anos, a ler aos oito. A escrever mais um cadinho depois.
E fui, pela vida afora, aprendendo sempre mais.
Aos nove terminei meu curso médio. E, naqueles idos anos havia um curso preparatório ao segundo grau de nome admissão. E fui admitido ao segundo grau, chamado cientifico.
Foram três anos de aprendizado. Completei meu aprendizado naquele ano de um mil novecentos e sessenta e oito. Foi quando me mudei à capital do meu estado.
E que linda Belo Horizonte se descortinou aos meus olhos deslumbrados. A princípio estranhei a ausência de minha amada Lavras.
Já certo de minha escolha pela medicina precisava estudar um pouco mais. E num colégio de bom conceito na capital terminei meus estudos preparatórios ao vestibular.
Mas meu aprendizado me disse que ainda não estava preparado.
Foi num cursinho nas vizinhanças da praça Raul Soares que conseguir vencer mais um degrau.
Enfim teve começo meu aprendizado pela linda profissão que até hoje me seduz. Foram cinco longos anos de estudos. Mas ainda restavam outros três.
A residência medica tinha de ser vencida. E foi.
Aprendi, com estes anos todos, a compreender que não se deve tratar as doenças e sim os pacientes.
Foram duros anos de aprendizado.
Aqui cheguei em meados de um mil novecentos e setenta e sete. Vindo da Espanha. Onde passei um ano inteiro. Aprendendo sempre.
Mas meu aprendizado não parou por aí.
Fui o pioneiro na cirurgia de próstata por via transuretral. E aprendi a fazê-la em Madri.
Passaram-se quase cinquenta anos.
E continuo a aprender.
A vida me tem ensinado, mas eu não aprendi, a domar minha ansiedade.
E ela tem sido tão boa comigo que não a tenho agradecido.
Dou graças a ela por tantas conquistas.
Primeiro por ter participação no nascimento de dois filhos. Que me presentearam com três netinhos lindos.
E, nesses meus mais de setenta anos só tenho a agradecer tanto aprendizado.
Tudo começou com meus pais que me deram a vida. A seguir com minhas primeiras professoras.
Aprendi, com eles todos, que a vida não para nunca de nos ensinar. No momento em que parar de aprender. E de sonhar, que me alijem de mim.