Família: instituição chamada assim desde quando, penso eu, Adão, pensando estar no paraíso, ao lado da linda Eva, comeu aquela maçã proibida. Perdeu o bom senso. E, ao invés de se casar com ela, constituindo desse modo acertado a primeva familia que se teria notícia. Enveredou-se ou enrabichou-se por outra fêmea mais apetitosa. Muito mais que a maçã do amor. E, ao vê-la prostituir-se deu uma facada com uma faca sem corte no peito. Mas não sangrou até morrer. Como se previa.
Ao revés dos incontáveis revezes Adão. Pensando ser o único homem na face do paraíso de nome Terra. Acabou-se enterrando debaixo de uma bananeira que já havia dado cachos. E a mesma terra o reduziu a um amontoado de ossos brancacentos. Nacos de carne putrefata. E aí termina a minha história. Mais uma invencionice dos meus sonhos delirantes. Já que eu a cada manhã invento um causo a cada despertar do sol ou adormecer a lua nova ou minguante.
Familia- grupo de pessoas vivendo e mal convivendo sobre o mesmo teto. Exemplo – pai, mãe, filhos. E, se não tiverem filhotes adotem um cãozinho. Ele vai lhes dar, talvez, mais carinho que um filho mal educado. O qual cospe no mesmo prato que comeu. Entrega-se às drogas. E, para ter grana vende tudo que os pobres pais colecionaram vida afora. Agora imersos na desgraça de ver seu único filho vagando pelas ruas perambulando como zumbi. De olhos perdidos no meio do nada como pacientes portadores de Alzheimer em estado final.
Famiglia- nome dado pelos italianos quando pessoas de mau caráter se juntam em clãs. A fim de juntar dinheiro às custas de intimidar opositores causando mortes entre eles. Entre famiglias de renome na bela Itália podem ser citadas as do crime organizado como da máfia siciliana. A famiglia Colombo é das cinco mais famosas organizações mafiosas em território norte americano.
Pra mim a verdeira familia não se resume em ajuntar pessoas sobre o mesmo teto, numa casa confortável. Unidos pelos laços de sangue. As quais se reúnem ao derredor de mesas fartas. Abocanhando lautos banquetes. Bebendo vinhos de boa cepa. Sem ao menos dizerem um Pai Nosso ou Ave Marias. Ou se darem as mãos agradecendo por mais um dia de braços dados.
A estas famílias mal agradecidas prefiro nomeá-las de ajuntamento de gente que entre eles são indiferentes.
Discutem problemas em permeio as refeições. Que, no meu entender trata-se de uma hora de reflexões e pensar noutras pessoas desprovidas da mesma sorte. Gente que mora debaixo de viadutos ou mendigam as sobras. Os restos das mesas dos restaurantes que até pombos errantes deixam de comer.
Familia, pra mim.
Em absoluto não deve se digladiar por motivos insignificantes. E sim se unirem a hora do trabalho. Mesmo que seja nas madrugas chuvosas como no dia de trasanteontem vi. Meu amigo Roberto e sua amada esposa Dona Lúcia. Na ordenha de seu rebanho de vacas baldeiras. Enquanto seus filhos e netos dormem e descansam em seus sonos profundos.
Familia, no meu entendimento, deve não ser apenas um monte de pessoas reunidas sob o mesmo teto. E sim aqueloutras munidas de igual fraternidade e carinho. Que distribuem o pão de cada dia em meio a um cafezinho adocicado com amor e recheado de saudade quando algum ente querido parte em direção à eternidade.
Famílias. Não famiglias, mafiosas, assim chamadas por serem lotadas de gente mal intencionada. E sim famílias de verdade. Aquelas que suam ao derredor de uma enxada ou enxó. Pois carpinteiro foi o pai de Jesus. O qual penso ter iniciado a sua familia não como o feito de Adão e Eva. Que ignoro quem foi. Ou se foi. Já que já deixei escrito antes que Adão não constituiu familia pois comeu a maçã proibida por indicação de uma serpente. Não sei se venenosa ou não.
As famílias que enfeitam seu nome são em verdade unidas no bem e no mal. Não se deixam enganar por falácias maliciosas. E defendem suas crias como uma vaca recém parida defende seu bezerro quando um predador dele se aproxima.
Famílias verdadeiras não apenas comungam sob o mesmo abrigo. Mas não deixam ao desabrigo quem lhes bate à porta pedindo achego.
Minha familia, por vezes, se digo que é um exemplo perfeito daquilo que a palavra familia tem intrinsecamente ligado ao seu nome. Posso me enganar.
Por vezes nos digladiamos por termos opiniões díspares. E ficamos cada um num canto do corner sem nos falarmos.
Mas, já foi dito e escrito que a inteligência é inversamente proporcional a possibilidade de conviver.
E, não me considerando a melhor e mais saborosa bolacha do pacote por veze digo: “não me joguem aos ombros culpa maior que não tenho”.
E eles, os da minha familia, não famiglia, atiram-me sim.
Mesmo assim amo todos da minha familia.
Embora discussões. 0u diferenças de opiniões sejam empecilhos à nossa união.
Ao Stenio, a minha esposa Rosa. A minha pequena jornalista. Aos meus queridos netinhos. Pena que eles todos já estão crescidinhos e não posso embalá-lo no meu colo.
Esse sonhador, entre dúvidas quem sou eu. Declaro. Torno claro nesta segunda feira linda do mês de abril. Como amo ao exagero a todos indistintamente.
Tenho pela minha familia o maior apreço. E não ponho preço nas etiquetas que por acaso vierem me cobrar por unzinho dos meus amados filhos e netos.
Apresento-lhes, nesta data, a minha familia. Se já a conhecem passam a conhecê-la ainda melhor.
Mas, melhor do que eu ponto final. Não reticências… Jamais.