Vira lata também é gente

Quem pensa que cão não é gente se engana. Redondamente.

Ou pensa que quadrado tem três lados somente.

No entanto, ser considerado quadrado, não me soa pessoa fora de moda.

Ou fora dos padrões costumeiros como se pensar diferente fosse como um sol no poente.

Ao revés de se pôr no ocaso a gente não faz pouco caso do descaso ser assim ou assado.

Já tive cães. Como disse num texto recém escrito.

Não tive gatos pois os tais bichanos, além de serem pouco ligados aos donos. Dizem ser eles asseados. E não fazem cacas onde não devem. Ao invés de os cães soltarem titicas onde a gente pisa e eles não avisam. E tem gente que leva seu pet a passear. E não tem a civilidade de levar sacos coletores de dejetos nas mãos. E levar a titica de cachorro para casa. Mal sabem eles que cocô de cachorro não fede igual ao da gente. Igual ao estrume de vaca ou de galinha. Adubo melhor não há.

Ladram os cães enquanto a caravana ultrapassa, até a uva virar passa.

Cães que ladram não mordem enquanto saem sons de sua garganta ladrante.

Mas, conquanto eles param de latir. Cuidado se os incomoda. Eles passam a morder a sua batata da perna. Só que a minha é tão dura que vai fazê-los perder os caninos.

Há quase um mês, se tanto. Como meu cãozinho, o Pirunguinha, morador de uma represa tão linda ou bela como aqueloutra onde fica a minha roça. Já experimentou duzentenas de fêmeas no seu harém como se fosse um xeique ou um sultão. E todas elas o renegarem como se ele não fosse macho. E uma delas foi levada a se fazer de mulher ao outro cão pastor alemão. De nome Del Rey.

Mas elazinha acabou desconjurando o meu nobre amigo. E acabou viralatando pelas ruas de Ijaci.

Agora, como meu amigo Pirunguinha ainda continua um ermitão. Fiz questão de levar outra companheirinha a fim de fazê-lo sair da solidão.

Anunciei no Face, em letras garrafais, que gostaria de levar uma feminha de Border Collie, legítima, mesmo se ter pedigree. A morar com o tal Border Collie purinho. Cuja idade avançava aos mais de doze anos.

Tinha receio de não ter netos do meu filho do meio chamado Pirunguinha.

Já que os outros dois já me presentearam com três netinhos machinhos- Theo, Gael e Dom.

Depois do anúncio na rede social apareceram algumas oferendas de adoção.

Aceitei a primeira iludindo-me ser em verdade verdadeira não fake.

Fui logo a buscar a cadelinha branca e pretinha. Lindinha como sói elazinha.

Ela apareceu como a aparecida. Quem ma doou me avisou que eu deveria apanhá-la num bairro aqui de minha cidade.

Dito, escrito, e lá fui eu.

A princípio estranhei a cadelinha. Que pelas contas do ex dono deveria contar com apenas três meses. Se tanto, entretanto.

Ela era meio pelada. Não nua como podem entender equivocadamente.

Pois Border Collies verdadeiros logo ao nascerem são peludinhos e engraçadinhos como outros filhotes. Sejam humanos ou canídeos.

Mas a cadelinha, a qual meu querido netinho Gael nomeou de Sky. Era peladinha como a garota não mais garota da capa da revista Playboy em sua derradeira edição.

E logo desconfiei da autenticidade da lisura da raça sem raça da Sky.

Acabei pondo a fotografia delazinha no meu celular e encaminhei a um meu amigo entendedor de cães. Um veterinário raçudo daqui da minha cidade.

Ele afiançou-me que ela era sim muito parecida a raça em questão.

Embora não fizesse questão continuei a minha pesquisa sobre essa raça considerada de muita inteligência tal e qual como eu.

E todas as fontes inquiridas ou bem queridas me afirmaram, em confronto com a foto da Sky, que ela em verdade era de boa cepa.

Mas, depois de um cadinho crescida, meu irmão Fred, não Flintstone. Entendido ou compreendido. Num zap me afiançou o seguinte. Como título da minha próxima crônica- “comprei uma Border Collie e enganei-me. Ela era nada mais, nada menos, que uma viralatinha sem nenhum atestado de pureza ou impureza”.

Na hora pensei em redoá-la ao antigo dono (não sei se redoá-la é exato). Mas se não for aceitem de bom ou mal grado.

Pensando em me livrar da pobre Sky, de alguma maneira nada ortodoxa, foi meu filho Stenio, pai do meu netinho Gael, já amando a Skyzinha, soltou-se esta – “vira-lata também é gente.”

No que concordo com todas as cordas da minha viola…

 

 

 

 

 

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