Que bom se fosse do jeito que a gente gosta

Nem tudo que reluz é doirado.

Nem tudo que é acinzentado continua triste a sombrio.

Nem tudo que a gente gosta outra pessoa pode desgostar da gente.

Nem tanto. Nem tanto ao mar nem tanto a terra. Melhor nos conduzirmos no meio termo. Sem excessos ou exageros. Da mesma forma beber moderadamente é aconselhável. Os excessos primam pela insensatez.

E como gostaria que a vida que a gente leva não fosse tão díspare dos sem tetos ou desabrigados.

Quando me lembro da tragédia da natureza acontecida recentemente nas imediações da Turquia e a Síria faz meu corpo arrepiar-se de pena. Quantas perdas preciosas. Quantas vítimas inocentes dessa catástrofe. Eu me pergunto: “se fosse em outro país mais preparado a enfrentar terremotos. Como o Japão e outros países asiáticos. As mortes seriam tantas como as que a gente percebe pela mídia? Ou seriam bem menores as pessoas infelizes que pranteiam seus mortos. Naquele frio de fazer arrepiar pinguins. E ursos polares redobrarem os seus casacos de pele que usam sem ser preciso trocá-los? E ter de tirar outros do armário do seu iglu”?

Que bom seria se a vida de todas as gentes fosse pelo menos igual ou símile a minha e de outros afortunados como eu me sinto. Se a pobreza não fosse tão aviltante como a observada pelas ruas e avenidas de nosso país continental. Onde a miséria ainda nos causa tanto espanto. Num país de terras férteis nas quais dizem que em se plantando tudo dá. Inclusive corrupção.

Quão maravilhoso seria se todos nós, endinheirados ou endividados, pudéssemos pelo menos não causar má impressão aqueles que moram em outro hemisfério. Como exemplo cito o do Norte. Onde em verdade o frio aperta no inverno. Mas lá tem calefação.

O quão divino seria se todos nós fossemos parceiros na alegria e na tristeza. E as diferenças sociais não fossem tanto acachapantes. Uns, como o tio Patinhas, nadam em piscinas repletas de notas de duzentos reais. E os demais esmolam por uma moedinha de um real. Como o andarilho que perambula pelas ruas de nossa cidade pedindo: “me dá uma moeda por favor”.

E se a gente recusa ele não faz falta de educação.

Como seria bom vivermos em harmonia e as guerras fossem apenas vistas nas telas de cinema. Em filmes notáveis que por veze assistimos.

E quão orgulhoso me sentiria se o nosso querido Brasil o hábito da leitura fosse da apreciação de pelo menos de uma boa parte de nossos cidadãos. E não tenha tido a vergonha de uma vez alguém, aqui no meu prédio, me mostrasse um livro meu atirado no lixo. Ainda bem que ele não estava rabiscado ou roto. E eu tive o prazer de doar este meu livro ao faxineiro que o encontrou. Meu amigo- Seu Luiz.

Que bom seria se a saúde em verdade fosse do direito de qualquer cidadão. Não apenas o que atesta a lei. Mas costume arraigado em cada um de nós. Preto, pobre, branco, ou de qualquer credo ou crendice.

O quanto eu apreciaria ver todos se dando as mãos. Pena que a tal pandemia nos recomenda distância. E o toque não deve ser feito como eu gostaria tanto.

Ah! Dá-me comiseração.

Não poder dizer que te amo. E como você é linda e apetitosa. Pois corremos o risco de sermos punidos como importunadores sexuais ou coisa pior.

E eu sempre digo: “que bom se fosse do jeito que a gente gosta”.

Pois até dizer que gosto de você hoje se tornou uma ofensa grave passível de ser punida com os rigores da lei.

 

 

 

 

 

Deixe uma resposta