Causos do ticarlinhos

Quem não se lembra, daquela pessoinha boa, nascida, segundo ele mesmo diz, na cidadezinha de Bom Jesus do Galho, município de Caratinga, onde, tempos depois, aconteceu aquele acidente, no qual foi vitimada a lírica e encantadora compositora e cantora sertaneja, loura, jovem ainda, que deixou um filho nos braços da mãe, que até hoje derrama lágrimas copiosas pelo canto dos olhos, lembrando-se da filha perdida, ilustre desconhecida nos tempos pretéritos, mas que jamais será olvidada por todos aqueles amantes da música cantante, a inesquecível Marilia Mendonça.

Ele aqui chegou tempos depois de mim.

Sempre se gabando de ter sido jogador de futebol, atleticano amante de uma boa Brahma, prosa boa, meu vizinho desde quando me mudei para aquele condomínio rico em verde e passarinhos.

Ele costumava, quando a folga da Santa Casa a ele permitia, caminhar no entorno daquele condomínio. Mais proseava que rodava. Mais contava causos que corria.

Um dia ele, na sua proverbial lábia, contou-me que: desde quando conheceu a sua amada, Maria Helena, és tu, nunca mais teve entre seus braços outra fêmea qualquer.

E quando estudava medicina, naquela Juiz de Fora, da rua Halfeld, e cercanias, já havia dividido o leito macio com mais de trezentas mulheres. Não sei se é verdade ou fake News.

Meu colega de fardas, ele me contou que foi sargento do exército, não da salvação, anestesiologista que fazia os pacientes dormirem, enquanto ele cochilava, sempre me ajudou nas operações deste hospital agora remodelado.

Competente e compenetrado, isso quando sóbrio, meio acordado, com a gente aprendeu a dançar, numa casa de minha propriedade, no bairro Centenário, uma casona enorme, da qual me mudei há anos passados, um dia me contou, e não pediu segredo, que começou a dançar na zona. Numa corruptela qualquer. Sem o conhecimento prévio da sua amada Maria Helena.

Carlinhos, Carlos Valadares, amigo de sempre, um dia vou reencontrá-lo no céu, como faz falta nos dias de hoje.

O Caratinga, embora tenha nascido em Bom Jesus do Galho, não era um quebra galho qualquer. Era amigo pra todas as horas. Ruins ou piores.

Deixou, como legado aos filhos, Simone, Juninho estudioso, ambos esculápios, apesar de novatos competentes como o pai, responsabilidade, carisma, honestidade, amor aquilo que fazia, com arte, uma trilha a ser seguida. Até o fim de nossos dias.

Carlinho um dia foi chamado a fazer anestesia no céu.

Imagino-o lá. Aplicando sedações nos anjos. Entubando o pai de todos nós. Tirando uma sonequinha, tomando uma braminha entre nuvens claras. Como a sua alma pura.

E como ele faz falta entre nós.

Hoje fui fazer uma visita ao seu genro. O motivo era um pré-anestésico para me operar de uma hérnia que me atormenta desde antigamente.

Fui regiamente atendido. E espero dormir durante a operação que deve ser feita na semana vindoura.

Meu querido amigo Caratinga. Carlos Valadares. Carlinhos anestesiologista atleticano fanático.

Seus causos, sua amabilidade no trato. Sua performance durante os procedimentos anestésicos, deverão nortear, sempre seus seguidores.

Ticarlinhos. Conforme me trata seu genro, Thiago, ex-vizinho de apartamento, mais uma vez obrigado pelo atendimento soberbo.

 

 

 

 

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