Ah! Não!

Expressão comumente usada por meu amigo Zé Antonho. Quando deseja nominar alguma coisa do seu desagrado.

Trata-se de uma negação taxativa que não merece ser contestada.

Há quem retruque e responda positivamente. Já que o direito de resposta pra mim é inalienável. Por que não deixar que outrem responda: ah! Sim.

E dai? Deixe que outros respondam malcriadamente a você. Já que você não deseja angariar desafetos e concorde que o avião Concorde pouse em seu tabuleiro. Já que o comandante pensa que o tal campo de aviação é suficiente para receber tamanha aeronave. E se ele se esborrachar na pista não tente despistá-lo. Simplesmente recorra às autoridades e se exima da culpa que não lhe cabe.

E não confunda a interpelação Ah! Não, com uma pessoinha de diminuta estatura. Personagem que encanta nos circos de picadeiro que tanto pode ser um palhaço jocoso ou um pintor de rodapé atrapalhado com suas trinchas pensando que nunca broxou.

Ah não, pra mim, quer dizer coisas e loisas onde carece o bom gosto. O divertido e instrutivo de ser assistido. O que não cabe espaço nesses tempos onde o mau gosto e a idiotice prevalecem. Onde a ignorância é tida como de bom alvitre. Onde os tais influencer ( agora é chique usar anglicismos – quando  deveria ser influenciadores) sociais têm seu lugar nas redes  na intenção de desgraçar nossa conduta. Ou dizer, com suas postagens insossas, que eles são nada mais nada menos que carinhas e bundas bonitas. E nada mais são que gente que nada tem a acrescentar senão pantufas que não cabem em nossos pés.

Ah! Não!

Mais uma vez lanço meus olhos cansados em direção a essa expressão não em desuso. Pra mim ela tem mais valia que um carro cheio de milho nesses tempos de estiagem. Quando o gado sente fome e a silagem quase termina. E o sol claudica lá em cima. E a chuva não vem quando dela mais se precisa.

Não digo que a televisão não me atrai.

De certas novelas sou fã de carteirinha. Bons filmes pela Netflix assisto até certa hora. Já que depois das dez tento pedir ao sono que feche meus olhinhos.

A certos programas de auditório tenho minhas ressalvas. Confesso sentir-me entediado com a maioria deles.

Mas o bom jornalismo, isento e não recheado de fake news, a eles declaro minha total simpatia.

Mas a isso… Ah! Não!

Ainda bem que existe o tal controle remoto.

Nesse mês entrante o tal programa de imbecilidades ameaça ser reeditado.

Na minha concepção, respeito votos ao revés, isso não deveria acontecer de novo.

Enjaular pessoas numa casa. Sendo observadas como animais em jardins zoológicos. Sendo mostrados aos nossos olhos incrédulos de tanta besteira. Corpos desnudos de quase tudo menos daquilo que me soa decência. É um atestado de que a idiotice ainda tem lugar nos meios televisivos. E pasmem! Ainda tem quem assista.

Mais uma recorro à expressão sabiamente usada por meu amigo Zé Antonho.

Ah! Não!

E não é que vão de novo colocar no ar o tal programa. Na hora ou mudo de canal ou recorro a um dos meus livros.

Rakel vou ler de novo. Ou que tal Por quem os sinos não dobram?

Decerto meus sinos não irão repicar por mais um big brother. Em minúsculo sim.

Entendam como quiserem.

Ah não digo eu. Tudo, menos isso.

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