“Que te traga suerte”

O fortuna. Como dijo mis amigos que ablam espanhol.

Pero…

Como estamos em Brasil vou escrever em português. Um dos idiomas mais difíceis e lindos de todos falados neste mundo mundo, vasto mundo. De dimensões inimagináveis. Dir-se-ia inalcançáveis àqueles cuja inspiração não chega aonde a minha vai.

E voltando ao título deste texto de hoje. “Que te traga suerte ou fortuna.”

Vamos pensar nas duas palavrinhas sorte e fortuna.

Sorte acontece ou somos nós que a transformamos de azar em boa fortuna? E fortuna?

Fortuna pode significar uma soma polpuda em dinheiro. Como ganhar milhões na mega sena. Ou ser contemplado na loteria sozinho. Com um bilhete premiado que monta aos mais de milhares de dólares ou euros ou até mesmo reais. Importâncias irreais para a maioria dos nossos patrícios. Que percebem, ao final do mês, menos de um salário mínimo. Por uma jornada de oito horas ininterruptas de labuta dura e cansativa. Ou pode ter outra definição que se explica uma força estranha a qual se atribui o poder de influir no êxito ou no insucesso de alguém ou algo- o acaso.

Em latim fortuna significa sorte. E fortunae, por sua vez, riqueza material.

Ontem, caminhando a esmo pela rua direita, depois de comer um belo pastel e uma laranjada numa lanchonete de gente amistosa e de bem com a vida. De volta ao meu apartamento. Que fica aqui pertinho do meu consultório. É só subir um morrinho. Atravessar a rua e ter cuidado para atravessar na faixa de segurança. Antes, com apenas e tão somente cinco reais nas mãos.

Ao ver meu amigo peruano em sua grande loja onde se vende quase tudo. Acabei por entrar.

O movimento estava capenga. Como acontece no começo de mês.

Somente ele e uma funcionária estavam tentando atender a quem lá entrasse.

Entrei pé ante pé. Meu amigo velho, com quem de vez em quando pratico meu alemão enferrujado, e outros idiomas nossos conhecidos, estava entretido a olhar as suas mercadorias.

Pilhei-o por detrás. E ele nem se assustou.

Mostrei-lhe a nota de cinco reais.

O peruanito, nunca vi ninguém tão de bem com a vida. Sempre alegre e brincalhão.

Examinou a minha nota de pequeno valor. Cinco reais mal permitem comprar um picolé dos ruins. Olhou-a com uma lanterninha parcamente iluminada e sorriu.

E eu a ele disse num bom espanhol: “qual mercadoria puesso comprar com esta notita de parco valor”?

Ele examinou peça por peça nas suas fartas e lotadas prateleiras. Pensou, repensou. E me perguntou se por acaso de um descaso eu gostaria de levar uma pulseirinha vagabundinha que estava em promoção.

Logo respondi que não. E ficamos a negociar outro produto. Afinal eram tantas as opções que se tornava missão quase impossível de eleger qual delas iria levar por aqueles míseros cinco reais.

Passaram-me mais de dez minutos. E entrou outro freguês na sua loja vazia.

E o peruanito, afinal, na tentativa inglória de se ver livre de mim acabou me oferecendo uma pedra semi preciosa. Apensa ao meu pescoço por um cordão de barbante bem vagabundo. Como seu interlocutor. Sob a alegação de que este colar, esta pedra verde, poder-se-ia dizer não tanto feia ou linda, além de afastar maus fluidos. Ou maus olhados. Me daria sorte e não azar.

Deixei a sua loja depois de fazer um selfie entre nós dois. O qual foi postado no Face no dia de ontem.

O fato retrato é que em verdade esta mesma pedra verde tem me dado sorte. Ao sair de sua loja avistei uma caca de cachorro e não sujei o solado do meu tênis novo. Mais adiante, já no portão do Firmino Costa evitei outro azar. Um rapazinho peralta pretendia afanar meu celular. Por sorte minha corri que nem noticia ruim. Acabei evitando um mal pior. E me safei com as pernas corredores que felizmente as tenho abaixo da minha linha da cintura.

Gostaria, neste desfecho, de agradecer ao peruanito a gentileza de me presentear com este cordão que tenho dependurado ao pescoço. Onde esta pedra milagreira faz justiça à sua fama de espantar maus olhados e me trazer coisas boas ao meu viver.

Que te traga suerte da mesma forma amigo peruanito. Uma simpatia de pessoa que, se ainda não o conhecem não percam tempo de conhecê-lo.

 

 

 

 

 

 

 

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