Censo do contrassenso

Sempre optei pelo bom senso.

Considero nonsense tentar incutir nas pessoas algo que não seja factível ou viável.

Sem sentido- trocando em miúdos.

Desde que atingi a maturidade sempre tive cá comigo que o melhor é ser prudente.

A afoiteza pra mim é indiferente. Ser afobado. Ir contra a prudência e a tolerância não me faz bem aos sentidos.

Certo que não sei esperar pacienciosamente. Não deixo nenhures a minha espera.

Quem espera cansa. E eu não descanso enquanto o outro não chega.

Se o combinado é chegar as oito exatamente precisamente as sete e cinquenta e cinco aqui estou. Já com o consultório aberto e pronto ao atendimento. Com os dois computadores ligados e já prontinha a minha crônica costumeira.

Mas exagerar das exigências em absoluto voto contra. E não me arrependo de ter votado no Bolsonaro embora ele tenha sido derrotado nas últimas eleições.

Mas torço e rogo para que o nosso amado Brasil encontre o seu caminho. Um dia isso vai acontecer. Não ponho dúvidas sobre essa assertiva. Mesmo que muitos descaminhos se interponham entre o certo e o duvidoso.

Ontem, derradeiro dia do mês de janeiro. Data esta que recaiu numa terça feira.

Fevereiro exalta os festejos carnavalescos. Mês curto e de muitos feriados. Já disse e nunca seria demais repetir. Caso pudesse escolher o dia ideal para morrer que fosse num trinta e um do mês em curso. Quanta pretensão de minha parte. Já que esta data ainda está para nascer.

A esperança dos funcionários públicos municipais. Sejam na ativa ou aposentados. É receber seus caraminguados na data de ontem. E não foi bem assim que me aconteceu.

Aqui chegando. Pontualmente as cinco e meia da manhã dei por mim me conectar ao aplicativo do Banco do Brasil. Não foi difícil descobrir que meu parco salário ainda não fora depositado.

Imediatamente liguei ao setor de pagamentos da Prefeitura Municipal de minha querida Lavras. E a gentil atendente me afirmou que todos os funcionários já haviam recebido seus ganhos. Mas injustamente euzinho nada de ver meus parcos rendimentos na minha conta mais e mais esvaziada. O total beirava à saldo negativo. Meu saldinho mixo estava no vermelho embora nunca tenha sido petista ou ter votado no tal presidente do qual falam tão mal.

O problema, segundo a amável funcionária da prefeitura estaria ligado à nossa caixa de aposentados nomeada Lavras Prev.

E que eu deveria me conectar àquele setor. Assim tentei fazê-lo incontáveis vezes. O telefone do outro lado da linha emudecera. Nenhures era capaz de dirimir-me as dúvidas.

Somente via zap recebi esta mensagem mensageira: “bom dia. Não conseguimos atender ligação ao celular. O pagamento do senhor não saiu porque foi feito um censo Previdenciário de outubro a dezembro. E o senhor não fez. E, conforme o decreto da prefeitura o pagamento vai ser suspenso até a regularização. O senhor pode procurar o instituto e será orientado como regularizar”.

E eu, ávido por receber os meus proventos mais uma vez indaguei: “eu posso ir aí no Lavras Prev? O que tenho de levar”?

“Documento com foto, Cpf, certidão de casamento atualizada, documento da esposa, e comprovante de pagamento”.

“Pode vir aqui sim. A partir das dez e trinta pois estamos sem energia”.  E eu com energia a emprestar a Cemig.

“Obrigado.” Agradeci de coração partido.

E, graças ao bom atendimento do pessoal do Lavras Prev tudo parece ter saído nos conformes.

E espero, sem pressa, ter meu parco salário depositado na minha conta do Banco do Brasil.

Mas convenhamos. É ou não é um censo do contrassenso? Bloquear nossos salários por este motivo banal? É o mesmo que exigir a prova de vida de quem já morreu. E descansa em paz.

 

 

 

 

 

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