Tento fazer a minha parte

Ontem li, por uma rede social, uma bela lição de vida. Ou seria de morte?

Árvores centenárias. De rica sombra. Verdes como eu era em jovenzinho. Por usar aquele uniforme de cor verde mata. Um feio dia foram escasseando. Algumas foram ceifadas pelo tronco. Outras, de mais idade, não resistiram ao furor ensandecido do machado.

Em pouco tempo a floresta foi se acabando. Paulatinamente.

Em menos de dois anos quase nada mais restava daquele verde luxuriante.

Apenas e tão somente um campo aberto se mostrava.

O fazendeiro glutão. Dono daquela linda floresta. Ceifou a derradeira árvore que restara.

O verde definhava. O ar tornava-se quase irrespirável. As aves que construíam seu ninho acabaram se mudando. As minas secavam. As nascentes imploravam chorosas pela volta das árvores.

Aquele lindo cenário se desertificou. O verde mudou seu verdume para um tom acinzentado.

Até mesmo as chuvas não mais deram o ar da desgraca.

Quem mais sofreu com esta ação destrutiva foi o próprio senhor das matas. O bicho homem mais uma vez mostrou seu lado pecaminoso e maldoso.

Num cantinho. Tentando se esconder de tudo e de todos. No meio das cinzas. Resultado da queima da lenha. Havia um machado. O grande responsável por toda aquela devassa.

E, quando perguntei a um arbusto. O qual tentava soerguer-se das cinzas e virar uma grande árvore. No meio daquela mortandade imensa. O que foi feito com suas irmãs. Ele, avexado me respondeu: “sabe aquele machado. Foi ele mesmo quem cortou minhas lindas primas e aparentadas com seu fio afiado. E o senhor pode comprovar. Da antiga floresta cheinha de árvores de rica roupagem verde só sobrou euzinho. Estou aqui resistindo resilientemente.  Para que um dia. Num futuro que torço para que não se alongue muito. A humanidade não se desumanize tanto. Sabe o senhor? O tal machado. Dizendo-se ser da nossa espécie. Por ter o cabo de madeira. Acabou por destruir-nos a todos nós. Cuidado para não confiar demasiadamente nas pessoas. Sobretudo naquelas que tem menos um dedo numa das mãos. Aquele mesmo que já foi presidente. E, ao revés de continuar na cadeia ainda se arvora (coitado. Imagina o Lula se transformar em árvore. Seria uma árvore petrificada e obesa). Em voltar ao trono”.

Eu tenho tentado fazer a minha parte.

Já disse e repito. Votei, no primeiro turno, no candidato o qual espero se reeleja. Acredito nele como creio no meu pai. E no Papai do Céu de todos nós.

Não que ele seja santo. Quem for que atire a primeira blasfêmia.

Bem sei que o atual presidente não aprecia uma boa leitura.

Ai de mim, escritor, caso a ele oferecesse um dos meus livros.

Se ele ficasse com qualquer um acredito que Bolsonaro iria usá-lo como enfeite de mesa.

Ou até mesmo meu livro iria se prestar a pôr fogo na churrasqueira. Que pena. Já pensaram se, algum dia, encontrasse um livro de minha lavra jogado no lixo?

Seria não só uma desfaçatez bem como uma enorme grosseria.

Confesso que tenho escrito várias crônicas em sua defesa.

Dizendo até que as tais rachadinhas não seriam obras suas. Não eximo de culpa alguns de seus filhos.

Tenho tentado, nas minhas escrevilhancas, dizer que continuo a manter meu voto no atual presidente.

Meu filho, advogado, sério e compenetrado, até me disse: “cuidado. Chamar o Lula de Sapo Barbudo pode ser motivo de processo. Ele tem uma legião de advogados a sua disposição. E você só tem a mim e seu primo Negis”.

Tenho tentado fazer a minha parte. E não lhes permito apartes.

De minha parte continuarei a minha incansável pesquisa. Pelas ruas e ruelas.

“Em quem você irá votar”?

Não me importa se, do outro lado, a resposta não for igual a minha.

Eu faço a minha parte.

Espero que o povo brasileiro faça a sua.

Vote conscientemente. Se vencer o Bolsonaro. E o Brasil futebol clube for campeão. Pago uma caixa de Kaiser quente para quem quiser.

 

 

 

 

Deixe uma resposta