O “tá joia”

Hoje, pela manhã, pode-se ver uma nesguinha de sol a enfeitar o horizonte.

Quem sabe o azulice do céu desabroche no decorrer do dia?

Chega de chuva! Ela tem passado dos limites.

Por aqui e acolá ela tem feito estragos. Enchentes, deslizamentos de terra, pessoas ao desabrigo, rios que transbordam, é o que se vê no noticiário televisivo.

Bem sei que a chuva faz falta. Desde que ela não passe dos limites. Ela tem inúmeras serventias. Ajuda a verdejar o campo. Enche a barriga das nascentes. Fornece água a dar de beber às plantas. Mas, quando sobra, provoca enchentes, alagamentos, causa inúmeros transtornos na vida dos ribeirinhos. Por sorte a nossa querida Lavras parece estar vacinada contra as tais intempéries. Os rios que por aqui passeiam estão de certas forma distantes. E não causam transtornos à vida de nossa comunidade.

Hoje o céu ainda se mostra cinzento. Choveu durante a noite toda. Foi uma chuva miúda.

Nesta hora da manhã imagino como deve estar se virando um amigo jovem, de nome Robson, apelidado Binho.

Ele e sua familia moram na minha rocinha encantada. Quando chove é uma barreira de fazer engolir a estrada. Quase não tenho como chegar até lá.

Da última vez a minha tentativa foi malograda. As rodas da minha caminhonetinha prateada atolaram na descida antes de chegar a minha casa beira lago. Não teve como aportar naquele lugar paradisíaco.

Binho, ou Robson, como queiram, é um jovem trabalhador.  Sempre com um sorriso no rosto, pronto a ajudar, nunca o percebi de mau humor. Quando atola uma vaca ele é o primeiro a acudi-la. Quando o trator emperra ele dá um jeito naquele veículo. É um enxadachim de primeira. Com a foice ou a roçadeira nunca deixou de trabalhar.

Ele ainda permanece solteiro. Trata-se de um bom partido as moçoilas casadeiras. Não sei o quanto ele tem guardado em seu porquinho cofrinho. Imagino ser uma quantia de fazer torcer o bigode a muitos endinheirados da cidade.

Nós sempre nos comunicamos pelo whatsapp.

Trocamos palavras ao tardar do dia.

Quando peço noticias da roça ele logo acena com o polegar empinado. Via de sempre ele diz “bom. Tá tudo bem. Num pudia ser mior”.

Faça chuva ou desague sol Binho nunca me disse que as coisas não vão bem.  É um otimista de supetão.

Foi ontem, durante uma chuvarada que caiu durante o dia inteiro, com o céu parecendo desabar sobre a terra, quase no tardar da noite, céu escuro, enviei a ele uma mensagem.

“Oba! O tempo melhorou? Acabou de plantar a grama? Estou com saudade daí”.

E ele me respondeu: “bom. Acabei de plantar a grama sim”.

Para final de prosa conclui: “quando a estrada melhorar avisa”.

E o bem humorado Binho, do outro lado da missiva, assim me respondeu: “tá joia”.

Depois de muitos tá joia resolvi rebatizar o amigo Binho de “tá joia”.

Não sei o que ele achou da ideia. Pra mim também tá joinha.

 

 

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