Enfim, o sol mostra a cara.

Depois de uma eternidade de dias chuvosos afinal fez-se a luz.

Aqui estou, de persianas abaixadas, caso contrário a luminosidade empapa-me a visão, neste dia lindo, fresco, sol tímido a entrar pela minha janela nesta hora bem cedo, nesta quarta-feira, doze de janeiro.

Pra mim o dia sempre amanhece bem cedo. Não consigo ficar na cama depois de acordar, a mesma hora costumeira, ou assistindo a televisão, ou pensando no que fazer o decorrer do dia.

Desde quando alcei certa idade, lá se foi a mocidade, o sono encurtou-se cada vez mais.

Tenho certa ojeriza pela noite. Sobretudo em dias lindos como este. O céu mostra um clarume de ofuscar os olhos. Algumas nuvens cinzentas ainda se mostram lá no alto. Talvez chova no decorrer do dia. Tomara sejam gotas miúdas. Nada que possa contribuir para maiores transtornos na vida da gente.

Sol apaixonado pelo clarume do sol. Dias cinzentos me amofinam. A azulice do céu azul me faz bem por dentro. Ajudar a desfazer o mofo que me atormenta a alma.

Em dias assim, tempestuosos, sem poder sair de casa, adentra-me a alma uma sensação estranha. É como se alguma coisa reconditamente escondida me fizesse lembrar do passado.

Ainda me lembro de quando era criança. Brincando de fazer barquinhos de papel descendo pela enxurrada. Um deles, feito com todo capricho, acabou naufragando antes que pudesse alcançar o mar. O mesmo mar pra onde ia, nas férias de final de ano, acompanhado de meus queridos pais.

Agora, por volta das seis e meia, o sol novamente adentra pela minha janela. Uma luminosidade intensa invade a minha sala.

E como amo os dias ensolarados. Imagino os meus netinhos podendo sair de casa. Para brincar num parquinho naquele condomínio lindo. Pra onde sempre vou ao cair das tardes. Depois de me exercitar na academia.

Sou refém do clarume dos dias. Minhalma se alumia. Meu âmago se abre à felicidade. Meus textos irradiam alegria. Graças a intensa sensibilidade da qual sou dotado.

A partir de hoje espero que dias melhores virão. As chuvas irão serenar. Uma aragem tão esperada parece que vai enxotar esta aguaceira que tem ceifado vidas. Provocando tragédias por todos os cantos do país.

Amo dias ensolarados. Nada contra dias chuvosos. Desde que não tragam enchentes em demasia. Ou provoquem mortes em sua passagem caudalosa.

Hoje prenuncia uma estiagem tão almejada. A terra já está por demais encharcada.

Ruas barrentas. Pessoas ao desabrigo. Mortes devido a chuva que tem caído além do previsto.

Pena que a pandemia ainda esta longe de terminar.

Seria pedir demais. Seria maravilhoso que não só a chuva nos desse de presente uma trégua. Que o sol brilhasse novamente. Que a tal virose fosse erradicada completamente.

Sou refém do clarume do sol. Dias cinzentos me incomodam.

Enfim o sol mostra a cara. E minha face se ilumina.

Que os dias continuem assim. Alternando dias chuvosos. Desde que o sol volte novamente.

 

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