Amigo certo das horas incertas

Nem sempre o verdadeiro amigo fica próximo a gente.

Por vezes ele mora distante. Mas se achega quando mais precisamos dele.

Amigos de verdade não se esquivam em nos ajudar.  Sempre prontos eles aparecem do nada quando menos esperamos.

Amigos não obrigatoriamente são aparentados. Não comungam dos mesmos genes. Nem moram na mesma casa.

Amigos de fato nem sempre são vistos juntinhos a nós. Podem estar longe de nossos olhos e nunca de nossos abraços.

Amigos de verdade conto nos dedos. Dez deles é um número talvez exagerado.

Que eu me lembre já perdi mais de algumas dúzias de amigos. Não irei nomeá-los todos para não faltar, na ausência de alguns nomes, com a omissão de dar nomes aos bois.

Um fato inconteste cito. Verdadeiros amigos são pra toda vida. E nem mesmo a morte vai aparatá-los de minha amizade.

Tenho amigos de pouco convívio. Um deles, sempre presente, vai comigo, quando o intimo, a minha rocinha experto que ele é em fazer churrasco.

Não vou declinar-lhe o nome. Basta dizer que a primeira letra de seu prenome se grafa com M.

Considero amigo aquele que, embora ausente, se faz sempre presente quando lanço livros. E aqueleoutro que quando passarinha os olhos em minhas crônicas diz apreciá-las muito.

Amigos do Face podem ser chamados amigos. Tenho muitos nessa agradável rede social.

Já aquele amigo, que tem um irmão também médico, quase indistinguível de seu brother. Ele, no dia de ontem, me acudiu.

Precisava de informações seguras sobre o estado de saúde de outro amigo recém internado naquela unidade de saúde sempre pronta a acolher enfermos mesmo oriundos de outras comunidades.

Pelo telefone foi mais uma missão impossível. Ir até lá caminhando minhas andejas pernas reclamaram.

Desisti de telefonar. Sabedor do alto índice de ocupação daquela entidade de pronto atendimento. Da azáfama que aqueles corredores lotados se encontravam. Recorri a um amigo de farda.

Do outro lado da linha mais um amigo, preocupado com a saúde de seu progenitor, ligava-me aperreado. Era o Tom Zé. Meu caseiro morador de uma fazenda velha pertinho da minha rocinha.

Não tendo como ir em pessoa a tal UPA, felizmente outro amigo me deu noticias fresquinhas da situação de outro amigo, pai do Tom Zé. O Pedrosão, cidadão prestante da cidade vizinha de Ijaci.

Zé e João, ambos esculápios de boa formação, médicos bem formados, filhos de outro médico que considero amigo, do mesmo nome João.

Foi o primeiro, nomeado Zé, quem me acudiu na minha carência de informações sobre a saúde do preclaro Pedrosão.

Zé estava mais uma vez na sua segunda morada. A UPA lhe serve de segunda casa.

Doutor Zé, depois de um exame criterioso em seu paciente, que ali se internara recente. Tranquilizou-nos com essas palavras de conforto.

“Doutor Paulo Rodarte, boa noite. Meu amigo. Os exames foram normais. Deu positivo pra Dengue. A tomografia também foi normal. As plaquetas estão normais. Como o paciente melhorou vou liberá-lo pra ir pra casa. Qualquer coisa disponha. E obrigado por ter me enviado crônicas”.

Grato estou eu por contar com sua amizade doutor Zé. Agora tenho certeza que não é o João. Seu irmão.

Amigo é pra essas coisas. Conte comigo sempre. Amigo Zé.

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