Alguma mentirinha talvez tenha dito. Na minha tenra infância.
Foi por um deslize qualquer. Uma travessurinha brejeira, pilhado em fragrante, logo repreendido por meu pai.
Um castiguinho qualquer me fez ver o quanto estava errado. A vida me ensinou, com o passar dos anos, a não errar tanto.
Já hoje, aquele menininho transformado em ancião, de vez em quando incorre em logro. E por eles peço o seu perdão.
Estamos a menos de um mês inteiro das próximas eleições.
Se ainda não fizemos a nossa escolha ainda é hora. Votar com exatidão requer muita cautela. Escolher entre um e aqueloutro é uma incógnita que devemos superar.
Afinal decidir o que seria melhor para uma comunidade, quem nos vai dirigir pelos próximos quatro anos, deve ser pensado em repensado com muita clarividência. E não nos guiarmos por aquele candidato que nos oferece um saco de cimento, algumas telhas furadas, promessas mirabolantes, que por certo não serão cumpridas; acautele-se.
Muitas vezes seu voto vai ser importante para que a nossa cidade não continue no mesmo marasmo de sempre. Pense bem antes de votar.
Dizem que voto deve ser um segredo guardado a sete chaves. Mas nem sempre vai ser assim. Principalmente quando as campanhas já estão a bandeiras desfraldadas.
As redes sociais estão aí a comprovar.
Eu a conheço de velhos carnavais.
Fomos colegas de jardim da infância. Hoje conhecido por outro nomezinho.
Naqueles tempos antigos ele se chamava Narizinho Arrebitado. Uma escolinha localizada no frontispício da casa dos meus pais. Na parte de baixo de um hospital. Logo defronte ao LTC.
A seguir tomamos caminhos díspares. De novo nos encontramos na capital mineira. Num cursinho preparatório ao exame vestibular.
Foi lá que ela conheceu nosso professor de química.
O mesmo que se tornou seu marido. Doutor Célio de Oliveira persiste até hoje na arte de curar. Emérito cirurgião, meu inspirador.
Foi seu pai, doutor Silvio Menicucci, morto num palanque, cassado como deputado, foi um baluarte da medicina em nossa cidade. Foi através dele que me vi livrei da minha fimose. Quem sabe, através dele, elegi a Urologia como especialidade.
Ainda me lembro da fidalguia do doutor Silvio. Era um pêndulo que bem traduzia as nossas inquietudes. Assentado defronte ao seu consultório nos repreendia quando a ocasião merecia.
Fomos mais uma vez por caminhos dispares. Ela escolheu a advocacia. Mas a política sempre a seduziu.
Bem sei da sua honestidade. Do seu amor a Lavras. Do seu carinho por nossa gente. Do seu enorme desprendimento.
Sei ainda que ela não acumulou posses. Ao revés. Desfez-se de quase tudo. Só não perdeu a dignidade e seu amor pela família.
Talvez não seja prudente declarar nosso voto antecipadamente.
No entanto estaria mentindo se dissesse que não votaria na Jussara. E mentir não faz parte do meu eu. Estaria incorrendo em logro caso me declarasse do outro lado. Embora respeite todas as intenções de voto.
A verdade deve ser dita. Mentiria sim, o que não faz parte de mim, caso a minha decisão fosse outra.
