Juro que vi!

Quantas e quantas vezes a gente enfiava o joelho na tábua dura da igreja e prometia não mais incorrer no mesmo senão. Mas, ainda meninos íamos pelo mesmo caminho errado. E cabulávamos aula justamente aquela que não gostávamos que lidava com números. Pois a aritmética até hoje me mete medo. E não me sinto a vontade entre numerais como lidar com letras me faz tão bem.

E jurava e desconjurava a minha querida mãezinha que ia me comportar melhor. Mas ao ver, por debaixo da carteira de madeira envernizada. Aquela mesma onde gravei meu nome e o dela. Enlaçados por um coraçãozinho que nem sei se até hoje existe. Olhava de rabo de olho a cor da calcinha da linda Mariazinha. Que agora deve ser avó. Ou já partiu rumo a um lugar desconhecido.

E ainda me lembro de tempos pretéritos. Quando fazia juras de amor eterno. Que não durava mais que um verão. Já que dantes cobiçava outra menina. A de pernas morenas e lisinhas. De olhos negros como a noite escura. Que nos dias de hoje se transformou na minha amada Rosa. Que em verdade assina o nome de Rosemirian.

Estamos em pleno verão. Cadê a chuva? Penso que na noite de ontem ela caiu um cadiquinho.

Mas hoje, semana mal começando e quase finando o ano. Amanheceu um sol de cegar os olhos.

Foi quando me lembrei do meu parceiro arrendador de minha rocinha antes prejuizenta.

Ele acaba de plantar uma rocinha de milho lá no alto das minhas terras.

Os pezinhos de milho acabam de mostrar o verde de suas folhinhas.

E como carece de chuva para crescerem fortes e sadios.

Mas, caso a chuva não venha essa rocinha de milho não vai à frente.

Os pezinhos de milho não crescem nem dão espigas graúdas. É uma lástima na vida do amigo Betão já que ele empenhou uma soma de dinheiro muito além do que ele podia. O prejuízo vai ser grande. Já que o preço pago pelos laticínios por um litro de leite está muito aquém do que ele vale.

Sábado que a folinha mastigou e cuspiu fora fui ter à minha roça. O caminho passa justamente por aquela plantação de milho novinha.

Estava um sol de fritar ovos naquela estrada de terra batida. Um calor que me fazia pensar em pular na minha piscina.

Ao passar pelos pezinhos de milho recém egressos da terra vi. Com esses dois olhos que não inventam histórias.

Um dos pezinhos de milhos com as folhinhas pro alto. A orar pela vinda da chuva.

E elezinho dizia: “chuvica venha logo. Se não meus irmãozinhos não vão crescer. Venha logo minha querida amada chuva! Caso contrário todos nós iremos morrer.”

Se duvidarem de mim me ponham de castigo como minha mãe fazia.

E não é que a chuva caiu no dia seguinte?

Aquela rocinha de milho deu espigas enormes graças aquele pezinho de milho novinho. E a sua oração cheia de esperanças em dias melhores.

 

 

Deixe uma resposta