A namoradinha (o) de Tom Zé

Hoje um grande perigo ronda a casualidade dos perdidos de amor.

Ama-se Maria pensando ser ela Maria e não João.

Idolatra-se Antonieta mal sabendo que ela, no passado longe, nasceu sob o signo de escorpião com um apetrecho entre as pernas que tanto servia para urinar e da mesma forma copular.

Adoram-se deuses ou ícones de pés de barro quando, do barro fez-se tijolos. E os tais esboroam-se num tempo breve como têm brevidade as flores dos ipês.

Casa-se e separa-se com a mesma velocidade de um cometa que num dia doutro pela órbita da terra passou.

Confundem-se machos e fêmeas. Na mesma hora machos se vestem de mulheres e vice no verso.

Apaixonamo-nos por outrem e aquele dito cujo que pensávamos ser um ser masculino na volta do dia ele(ela) levanta a saia e por baixo dela não se veem calcinhas e nem soutiens.

Namoramos mocinhas as quais pensávamos pudicas e elazinhas nada mais são do que mundanas putinhas.

Tudo no mundo se mostra imundo. Veem-se lixões por todos os lados. E, quem se atreve a chamar garis de pessoas do lixo se esquecem que verdadeiros lixos são os próprios sujões.

Tenho um caríssimo amigo. Cujo nome não sujo já citei em outras ocasiões. Morador de uma casa mais velha que meu tataravô. Numa fazenda próxima a minha rocinha antes prejuizenta. Hoje não mais. De gênio pior que o outro genioso homem da lâmpada de um tal de Aladim. Que de ladino nada tinha. Um dia sua mulher, diga-se esposa, o deixou-o a ver éguas no pasto verdadeiro sarandi. E ele, não ela, passou a viver numa solitária solidão. Entregue ao vazio de um lago seco no meio do nada. E, não é que este meu amigo não sabia nadar? E só não se afogou pois eu o tirei do fundo do aquário (perdoem-me por mais esse equívoco. Não é aquário e sim rio grande).

Esse meu preclaro compadre, morador de uma morada singela, casa com uma só janela. Que ao se abrir fazia reco reco. De tão carunchada e antiquada que era. Não suportando mais viver na própria companhia doentia ajuntou a sua solidão a outra moça que de solteira nada tinha.

Ela, ou ele, já tinha mais horas de cama, não para dormir ou cochilar, e sim para transar. Com meu amigo se amasiou. Ajuntou os panos secos já que os ensopados ele, ela, deixou a secar na mesma janela entreaberta como suas pernas sempre abertas mostravam toda a sua intimidade aos olhos dos interessados ou não.

Pena. Nem tudo que reluz é doirado. A luz do sol em verdade dói nas vistas. Já a amarelice da lua é um convite aos enamorados.

Num dia de tarde. Ou melhor, de noite quase meia noite.

Ao fazer uma visitinha ao meu compadre amigo de nome Tom e sobre Zé.

Encontrei-o meio ressabiado assobiando contrito. Ele, pensei eu, estava tendo algum atrito com outro. Não comigo nem com meu umbigo. Pois ele não briga com nenhuma lombriga.

Foi quando botamos panos frios na frieza do meu amigo Tom Zé.

“Por que razão essa tristeza que faz amargurar seu coração? O que que foi que aconteceu? Se foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e não morreu cuide de matá-la de vez. No que eu posso ajudar”?

Ele, Tom e Zé. Todos fundidos e fudidos na mesma pessoa, me respondeu entre caretas e caras feias: “quer mesmo saber? Eu pensava ter encontrado a tampa da minha panela. 0u a carta que faltava para dar truco. Um as de espada ou um quatro de paus. Mas, sabe vosmecê quem era ela? Ela era ele. Ao apalpar o andar de baixo minha mão encheu de uma coisa mais parecida a um mastro enorme empinado como pipa nas alturas. E eu acabei por excomungar ou desconjurar minha eterna amargura. Juro por seu pai que nunca mais vou procurar uma mulher. E se ela, ele, for homem”?

Aquela foi a derradeira vez que passei perto do meu preclaro amigo Tom.

E se ele for em verdade homem macho e não fêmea?

A tal namoradinha do Tom Zé, não sei, até hoje, que fim a levou, ou ele?

Prefiro ficar na mais solene e sonora ignorância. Cala-te boca!!!

 

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