Tom Zé no Big Brother

Melhor seria na Fazenda conforme disse minha amada Zaninha.

Vocês assistem o Big Brother? Não se ofendam se eu disser que não perco meu precioso tempo com estas baboseiras que as televisões exibem em horário nobre.

Aliás, de nobre nada têm.

Pra mim estes programas que ajuntam desocupados. Cada cara mais doida que a segunda. Que nada têm a fazer a não ser expor seus corpos sarados como saracuras ariscas. Ariscas? Nem tanto. São um bando de imbecis. Gente que ama se mostrar na mídia através de seus traseiros feitos ou na mesa de cirurgia. Implantando glúteos novos. Ou próteses nas suas tetas para se parecerem a vacas baldeiras. Pessoas de qualquer idade. Sejam mulheres apetitosas como uma boa feijoada no tempo frio. Ou balzaquianas mundanas que já se prostituiram tempos atrás. Ou ainda se prostituem.

E estes selecionados. Não sei bem por qual critério descriterioso. Desprovidos de qualquer qualidade que não seja este ou aqueloutro físico apolíneo. Permanecem naquela casa tipo aquário. Como peixinhos aquarianos. Por tempos longos a espera de um dia serem eliminados pela língua de trapo de telespectadores mais imbecis ainda. E, caso sejam vencedores, ou até mesmo vencidos, passam a fazer parte de uma constelação de falsos artistas globais ou de outra emissora televisiva de menor audiência. O que movimenta os milhares de dólares que adentram cofre adentro das tais emissoras.

Por quanto tempo? Na minha modesta opinião até que a bunda de silicone tenha de ser trocada por uma de segunda demão.

Na minha fazendinha. Melhor dito, rocinha antes prejuizenta. Já que agora as vacas mugem ao sabor de um novo dono. Antes nem eu sabia que sabiá canta na laranjeira por causa da sabichona que exibiu a ele pernas e um bico bonito.

Acabei, para não me afastar tanto de gente da roça e dos bichos que por lá pastejam. Com muitas dificuldades econômicas construí uma bela casa à beira da represa do Funil.

E toda edificação como esta carece não só de grossos investimentos na obra como também na sua manutenção.

Pra cuidar do meu paraíso paradoxal acabei por contratar um caseiro morador da região.

A princípio quem cuidava do meu Solar Paulo da Rosa era o Binho. Filho mais novinho do Roberto e da dona Lúcia.

Há tempos idos passou a ser o meu caseiro um caboclo resmungão ao qual chamo Tom Zé.

Ele sempre aparece. Pelas imagens da câmera por volta das oito da manhã. Sempre em boa companhia dos seus amigos cães.

Hoje, pela mesma câmera o observava trabalhar.

Parecia que o grande amigo Tom Zé estava ligado a duzentos e vinte e havia tomado uma descarga elétrica.

Não cria no que meus dois olhos viam.

Enquanto ele passava apressado com dois sacos pelas bocas de silagem de milho a dar aos cavalos seus vira-latas não davam conta de acompanhá-lo.

As éguas fugiam dele aos galopes. Meus dois cãezinhos não consegui, pela câmera, vê-los, pois, estavam presos no canil.

Pássaros alados voavam em bando pouco abaixo do Tom Zé.

E ele passava o rastelo feericamente. E enchia um grande balde de detritos que ele retirava do gramado.

Nessa correria. Que durou mais que a florada dos ipês pensei em indicar meu bom Tom Zé ao Big Brother ou ao outro programa símile A Fazenda. “Bem mió de bão” como disse a querida Zaninha.

Não sei. Até a esta hora da tarde. Ainda não morta. O que meu caseiro mourejador iria pensar sobre o assunto.

O que vosmecês acham? Se iriam votar pela sua eliminação ou continuação?

Eu, por mim, votaria um estrondoso NÃO.

 

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