Engraçado. Não sabia que Minas Gerais fazia parte do Nordeste

Tempos se vão. A minha primeira professora, Dona Beliza, mãe da Biló, do Júlio Cesar Romeiro e da Ana Maria. Se me esqueço de outros filhos que me perdoem.

Eles todos moravam na rua Horácio de Carvalho. Uma rua abaixo da Costa Pereira. Onde moravam alguns Rodartes. E hoje só resta o primo Luís Carlos. Filho do tio Rui e da tia Dorinha. Irmão do querido primo Pedro. O qual hoje mora no céu a cuidar dos dentes dos anjos. E do nosso papai do céu.

E, umas casas abaixo moravam outros do mesmo sobrenome. Minha querida mãe Rute. Uma casa acima de onde morava meu tio Chico. Pai amado de quatro filhos. Não vou declinar-lhes os nomes para não me alongar muito.

Na primeira casa da Costa Pereira. Numa casa acima do nível do passeio. Era ali que viviam. Entre rosas alaranjadas. Num jardim bem cuidado por minha avozinha dona Belica. De cuja lembrança não me sai da cabeça. Dizem que um tanto oca de tanto escrever. Cujos quitudes. À hora do café da tarde. Naquela mesa ampla. Onde ajuntavam-se filhos. Netos. Bis. Tataras não sei. Pelo menos ignoro. Era servidos um café quentinho. Passado na hora num coador de pano mesmo. Junto a uns biscoitos de polvilho e umas deliciosas broas de milho misturadas com queijo de minas. E a gente, ainda meninos crianças, levadas da breca. Assim que tal guloseimas eram servidas passávamos à horta dos fundos. Onde havia um pé de jabuticaba. Unzinho só.

Onde nosso avô Rodartino Rodarte subia no pé. Sandália por sandália. De couro amarronzado. Com a qual caminhava pela cidade inteira. Vestindo o seu terninho azul marinho. Com riscas de giz branco. Com um caderninho onde anotava os nomes de todos aqueles aos quais emprestava dinheiro sem juros ou correção monetária.

Não sei quem me ensinou Geografia no curso primário. Se foi o professor Osvaldo Louzada Serra ou outro professor menos viajado.

O fato que desejo reportar. Neste texto pós pleito. Neste dia três de outubro.

É que. Naqueles idos anos de um mil e antigamente. Não sei precisar qual foi. Se foi já passou. E o vento levou.

No Brasil existiam cinco regiões geográficas. Norte. Nordeste. Centro Oeste. Sudeste e Sul.

No distante, para nós, do Sudeste, a região Norte compreendia os seguintes estados: Amazonas. Pará. Tocantins. Amapá. Roraima e Rondônia.

Já o Nordeste, de onde veio, de pau de arara, em direção a São Paulo, o ex presidente que foi batizado com o nome de um molusco. Iguaria esta que adoro. Feita à milanesa. Como aquela frita no restaurante da Thais.

Lá, naquele local de praias lindíssimas. Cujo banho de mar é disputado pelos nossos patrícios e estrangeiros endinheirados. Não só a comida é das melhores. Como a hospitalidade nordestina nada deve a nossa mineirice do uai e trem bão.

Perfazem aquele estado. Cuja fama ruim não é compatível com aquele povo bom e cordial. Onde o jegue é usado para montaria ou para inúmeras serventias.

Outros estados limítrofes. A seguir irei nomeá-los.

Mais ao norte o Maranhão dos Sarneis. Descendo pra baixo fica o Rio Grande do Norte. Lindo estado. De praias brancas e mar calminho. Como eu era quando meninozinho.

Segue-se-lhe Pernambuco. Ou seria o Ceará?

Assaltam-me dúvidas se entre eles situa-se a Paraíba. Onde existe mulher macho sim senhor. Quem nasce na Bahia não nasce. Estreia nos palcos da vida bem na tenra idade.

Ah! O meu lindo Sergipe. Esse ainda não conheço. Já passei pertinho e não deu tempo de ir lá.

Finado Nordeste brasileiro. Que ainda não foi vendido aos estrangeiros. Fica bom do jeito que tá.

Mais ao centro visite o Centro Oeste. Onde se plantando tudo dá. Com fartura e sem frescura.

O Distrito Federal é onde mora o presidente. Pelo qual. O atual. Arregaço as mangas e vou à luta. Pátria amada Brasil!

No centro do país existem os estados de Mato Grosso do Norte. Cuja capital é Cuiabrasa. De tão quente que é. Torrão natal de parte do Pantanal. Onde pela Juma Marruá sou capaz de me separar. E ainda dou de quebra toda a boiada do Zé Leôncio. E algo mais.

Mais ao sul encontra-se a outra parte da maior planície alagada do planeta. Onde um dia fui pescar. E nada pesquei. Nem piranha de barranco mordeu-me a isca de cinquenta pratas.

Mato Grosso do sul é o supra sumo da beleza. Como a novela mostrou.

Goiás é o estado onde nascem. E começam a fazer sucesso os cantores sertanejos. Prefiro a caipiragem do mineiro. Que enrola a língua solta e deixa cair o paiero sonolento do canto da boca fechada.

Vamos caminhar pelo Sudeste brasileiro.

Dizem. Ao que discordo, sem concordar. Que por cá se trata da região mais culta e letrada de nosso país continental.

Minas Gerais não tem mar. Nem mardade. O povo mineiro tem boa fé e sabe fazer café. E que pão de queijo bão inventaram por aqui. Foi inté exportado pelo mundo todo.

Descendo um cadinho mais pelo mapa damos de cara com Sum Paulo. Eita estadinho lotado de gente trabalhadeira. Das boa. Pena que a violência ali na capital campeia como em nenhum outro lugar.

Não me esqueço jamais da cidade maravilhosa. Cheia de encantos mil que já foi a capital do Brasil.

E ainda vou parar lá. Adonde? No estado de temperatura agradabilíssima e povo oriundo do mundo inteiro. Benza Deus o Paraná. Curitiba pra mim é exemplo de cidadania e comedimento. E boas comidas também.

Mais pro Sul encontra-se Santa Catarina. Floripa foi onde nasceu Guga. Um dos meus ícones do tênis. Que praias lindas são vistas por lá.

Já o Rio Grande não esconde sua vocação política. Foi onde nasceu Getúlio Vargas. Que deu fim à vida num momento de insanidade.

Voltando às vacas quentes. Que no momento atual são as eleições. Já que expressei a minha intenção de voto no presidente atual. E espero que ele se reeleja no segundo turno.

Como pode o peixe vivo viver fora da água fria?

E como pode Minas Gerais ter votado. Isso me faz revoltar. No ex presidente que deveria estar preso e jogarem a chave fora.

Agora indago: “Como aconteceu no Nordeste. De onde veio o tal Lula. Minas votou igual. Será que fui educado erroneamente? Minas Gerais. Estado de tantas figuras notáveis. Dentre elas cito Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Alves, Nelson Freire. E outros mais. Engraçado. Ou por desgraça. Minas Gerais faz parte do Nordeste ou do Sudeste?

Confesso que até agora não sei.

 

 

 

 

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