Será que os cães entendem?

Nunca duvidei da inteligência canina. Muito menos de sua fidelidade e devoção ao dono.

Sei que eles são dedicados. Mesmo nas adversidades eles continuam ali. Pertinho de onde dorme o mendigo. Sem nada a esperar a não ser um carinho, um afago, um gesto de amor.

Nunca duvide da lealdade de um cão. Eles são capazes de qualquer gesto de amor. Com aqueles olhares fraternos eles enfrentam os inimigos do seu senhor. Rosnam, ladram, e mostram os dentes, e enfrentam qualquer um que tente afanar algum pertence do seu dono.

Pena que muitos não consideram os cães como os melhores amigos do homem.

Quando são filhotinhos, e abanam o rabinho, que lindo pet, são considerados gente de casa.

No entanto, quando eles crescem, se tornam adultos, como a gente envelhecem, seus dejetos aumentam, um dia, maldita hora, os donos os levam a passear, na parte de trás do carro, e quando eles pensam que vão dar uma voltinha, ledo engano. São solenemente abandonados num trecho ermo da estrada, e nunca mais retornam ao seu doce e amaro lar.

Já tive cães. Por eles me afeiçoei. Não tive gatos. Eles nunca fizeram parte do meu caminho. Cães são fiéis e devotados. Gatos não se apegam a ninguém. Não são dependentes de nós como os cães.

Aprendi, nestes anos todos de convivência fraternal e amistosa, que cães nunca traem a ninguém. São capazes de dar a própria vida em beneficio daqueles a quem amam. E amam incondicionalmente. Seja rico ou menos aquinhoado pela sorte. Seja idoso, criança ainda, eles tratam a todos com o maior carinho e desvelo. Mesmo que maltratados e maltrapilhos.

Um dia vi um cão chorar. E, aquele cãozinho vira-lata, depois da morte do seu dono, permaneceu à beira de sua sepultura. À espera de um dia ele poder voltar.

Ontem foi dia de uma comemoração ruidosa. Um foguetório inconsequente quase me impediu conciliar o sono. Dormi por volta da meia noite. Quando a azáfama terminou. De repente.

Nada contra o futebol. Sou frontalmente contrário a idolatria que fazem de alguns jogadores.

Eles percebem altos salários. Ganham uma verdadeira fortuna. Aposentam-se ainda jovens. Enquanto nós, vis mortais, passamos uma vida inteira a espera da aposentadoria que por vezes tarda até a hora de nossa morte. E mal dá para nos mantermos até quando Deus permitir.

E eles, atletas de vida fácil, fazem do esporte da bola uma verdadeira pandemia mundial. São ícones de chuteiras de barro. Não resistem ao crivo do tempo.

Na noite de ontem quase não dormi. O foguetório foi noite adentro.

Enquanto do lado de fora da minha janela o barulho persistia os cães ladravam. Ganiam por terem sua audição afetada.

O que pensam os cães de tamanha arruaça? Será que eles torcem por algum time. Seriam atleticanos ou cruzeirenses? Ou apenas sofrem por aqueles estampidos que lhes molestam a sensibilidade auditiva?

Não sei o que pensam os pobres cães à mercê de tamanha balbúrdia. Eu simplesmente cubro a cabeça. Já eles, nem mesmo as suas orelhas dão conta de atenuar-lhes o sofrimento.

 

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