Nunca vi tal disparate

Estamos numa seca danada. Chuva nem se fala dela.

As previsões mais otimistas indicam que pode chover ao final do mês. Ontem de noite, quando me preparava para dormir, olhei pela janela, e pensei, quem sabe vai despencar água nessa noite quente, abafada, que nos prejudica o sono, e acordamos no meio da noite sonhando com a chuva que no mais tardar algum dia deve voltar.

Debaldes foram as minhas previsões. Acordei e voltei a abrir a janela. O céu estava cinzento. Mas o chão, ao caminhar pelo passeio, não mostrava um pingo de chuva. O sol agora, neste momento exato, mostra a carinha sonolenta, e a tal chuva tão esperada mais uma vez foi-se embora, apesar de todos os clamores por sua chegada.

Nunca vi tal disparate. Chove quando deve fazer sol. Esquenta quando o inverno chega à metade. As estações do ano estão mudadas. Dizem, os entendidos, que tudo isso se explica pelo aquecimento da terra.

O que vai ser da gente num futuro que se avizinha? Vai chover além da conta? Ou a seca vai preponderar?

Do jeito que a coisa anda não sei o que pensar. Só sei que cada vez mais nada sei.

Ignoro o que nos espera. A crise se alastra como fogo serra afora. O desemprego mostra a cara desdentada. Os preços andam pelas alturas. Um dia chega à estratosfera. E o nosso salário? Desce ao nível do mar.

Tenho visto tantos disparates que nem sei até onde iremos chegar. Não sei se vou, se fico, se retrocedo. Tenho medo de ficar a espera e me cansar.

A disparidade caminha a passos largos. A diferença entre ricos e pobres se amplia mais e mais.

Como tem sofrido nosso povo brasileiro. Alguns vendem a roupa do corpo para comprar comida. E como não podem comprar gás ficam com a geladeira vazia. Pra que cozer se não tem o que comer? Pra que pensar se a crise não dá sinais de que vai passar.

Nunca vi tamanho disparate. O governo perdeu o prumo. E navega sem rumo em direção a algum lugar.

Logo a chuva cai. Tomara que seja breve. A escassez hídrica nos preocupa. Também, com o preço alto da conta de luz, não vejo a hora de apagar.

Tenho visto tantos disparates, coisas que me apoquentam, que quase não tenho pensado mais. Melhor ficar de bico calado. Aquietar meus pensamentos. Embora tudo que tenho pensado contraria a previsão do momento.

A chuva não cai. A sequidão me consome. Faz calor quando deve fazer frio. Não restam dúvidas que o mundo anda mudado.

Tenho visto tantos disparates que não conto mais nos dedos. Homens vestem saias. E se casam com outros do mesmo sexo. Esta pandemia não tem hora de terminar. Dizem que a vacinação caminha a passos largos. Enquanto a população sofre à mercê da crise.

Não vejo a hora de voltar aos velhos tempos. De caminhar pelas ruas sem o temor de nos contaminarmos.

Tomara que, num futuro perto, não tão distante como ele se tem mostrado, esses disparates se tornem menos díspares. Para que de novo encontremos a felicidade.

 

 

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