Vou sentir falta daqueles passinhos no andar de cima

“São os filhos a nossa vida. Os netos a nossa esperança. Com esta certeza querida. A vida nunca nos cansa”.

Verdade. Incontestável e esperançoso dito.

Filhos são o nosso almoço. Netos a sobremesa. Sempre gostei de doces. Daí a minha predileção aos netos.

Por esta razão digo e repito. Filhos são nossa incumbência encaminhá-los a um porto seguro. E quando eles se descaminham competem a nós, pais, por vezes o inglório fracasso de não ter conseguido este intento. Já os netos, ah!, que bom passar junto deles algumas horas do dia. Compartilhar as suas peraltices. Presenteá-los com todas as guloseimas possíveis. E vê-los com as boquinhas sujas de chocolate, mesmo antes da papinha da hora do almoço.

Tenho três netos machinhos. Já desisti de uma menininha. Lá em casa só dá homem. Mas, que tal tentar mais uma vezinha. De vez em quando digo a minha filha.

Agora, nesta hora temprana, eles por certo estão dormindo. Não depois de assistir a desenhos animados. Dois deles, Theo e Dom, dormem no mesmo quarto. Sozinhos, bom que se diga. No quartinho do Dom não tem televisão. Na nova casa por certo há de ter. Gael, no momento presente, mora longe de mim. Um dia ele vai morar aqui, pertinho do meu abraço. E como vai ser apetitoso acarinhá-lo de vez em quando.

Nos dias atuais uma tristeza me acompanha. Antes de me deitar, lá pelas oito e meia, talvez um pouco mais, ouço alguns passinhos apressados no andar de cima. Serelepes como eles são, imagino o sufoco dos pais para intimá-los a dormir.  Mas eles não param. Quanta energia emerge daqueles dois molequinhos. Acredito, já que não compete a mim, dormir junto deles, que tanto o pai, quanto a mãe, ameaçam deixá-los sem desenho no dia seguinte. Ou privá-los daquela guloseima que ambos apreciam.

Em alguns dias Theo e Dom vão se mudar de casa. Se pudesse sequestrá-los não temeria a represália. Juntaria os três debaixo de minhas asas acolhedores. Tal e qual a galinha faz com os pintinhos.

Em alguns dias não mais ouvirei aqueles passinhos no andar cima. O que me resta fazer? Mudar de casa? Creio que ainda não. Quem sabe outros menininhos vão se mudar para o andar de cima? Ou terei de trazê-los de volta. Aí sim., voltarei a me alegrar novamente. Antes de dormir, ouvindo aqueles passinhos no andar de cima.

Quando nós, avós, não pudermos ter nossos netos por perto, que tal sermos adotados pelos filhos que criamos? E desfrutarmos de todas as mordomias das quais gozam os netos.

Confesso, dentro em breve, que este breve se distancie alguns dias a mais, irei sentir saudades daqueles passinhos trôpegos no andar de cima.

Não mais terei de subir um lance de escadas para vê-los ainda dormindo.

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